VIA SACRA COM MARIA

VIA SACRA COM MARIA
 
EXPLICAÇÃO:
VIA SACRA COM MARIA parte do pressuposto que a presença de Nossa Senhora na Via Sacra de Jesus não se limitou apenas ao Encontro na IV estação, como tradicionalmente contemplamos, mas que Ela fazia parte da grande multidão do povo que O seguia desde o Pretório de Pilatos até ao Calvário. A notícia da prisão e do julgamento de Jesus encheu toda a cidade de Jerusalém. Se alguma pessoa não podia ficar indiferente a essa notícia... essa pessoa era a Mãe. Por isso, terá acompanhado, de alma trespassada pela dor, os passos do Filho em direcção ao Calvário onde a encontramos ao pé da Cruz. 
Porquê esta VIA SACRA COM MARIA?
Para apreder d' Ela e com Ela como se devem viver as situações mais difíceis da vida. 
 
1.ª ESTAÇÃO
JESUS É CONDENADO À MORTE
V/ - Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Cristo
R/ - Que pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
1.º LEITOR:
Depois de Jesus ter sido preso, levaram-no a Anás e Caifás. Ali foi interrogado sobre a sua doutrina, esbofeteado por um dos guardas, negado por Pedro. Depois foi conduzido a Pilatos, o Governador hesitante, incapaz de tomar uma posição, mais apegado ao seu cargo que à verdade. São João transmitiu-nos este diálogo interessante:
«Pilatos entrou no pretório, chamou Jesus e perguntou-lhe: - És tu o rei dos judeus? Respondeu Jesus: - Dizes isso por ti mesmo, ou foram outros que to disseram de mim? Disse Pilatos: - Acaso sou eu judeu? A tua nação e os sumos-sacerdotes é que te entregaram a mim. Que fizeste? Respondeu Jesus: - O meu Reino não é deste mundo. Se o meu Reino fosse deste mundo, os meus súbditos certamente teriam combatido para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu Reino não é deste mundo. Perguntou-lhe Pilatos: -És, portanto, rei? Respondeu Jesus: - SIM, eu sou rei. É para dar testemunho da verdade que nasci e vim ao mundo. Todo o que é da verdade ouve a minha voz.» (Jo 18, 33-37)
2.º LEITOR:
Este SIM de Jesus é a repercusão do primeiro SIM do Verbo «eis que venho para fazer a tua vontade» (Heb 10,9) e do SIM de Maria «eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra». (Lc 1,38). Se Jesus tivesse dito que não, que não era rei, possivelmente teria sido libertado. Mas Ele, como diz S. Paulo, não foi um sim e um não (2 Cor 1,17) Ensinou-nos a fazer a vontade do Pai mesmo quando não a compreendemos ou ela nos custa.
TODOS:
Nossa Senhora do SIM, ajudai-nos a dizer sempre SIM quando nos é imposto um sacrifício, quando está em jogo a vontade do Pai e a coerência da nossa vida cristã. Às vezes, porque não vemos claro, acode-nos a tentação de dizer não, de fugir à responsabilidade. Que sejamos capazes de unir o nosso sim ao de Jesus e ao vosso no momento da Anunciação. 
V/ - Tende compaixão de nós, Senhor!
R/ - Tende compaixão de nós!
Pai-Nosso...
 
2.ª ESTAÇÃO
JESUS CARREGA A SUA CRUZ
V/ - Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Cristo
R/ - Que pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
1.º LEITOR:
Condenado por Pilatos à crucifixão, diz São João: «levaram então consigo Jesus. Ele próprio carregava a cruz para fora da cidade, em direcção ao lugar chamado Calvário, em hebraico Gólgota (Jo 19,17).
Alguns ouvintes de Jesus, que naturalmente estariam presentes nessa hora, terão compreendido melhor a sua afirmação quando disse: «se alguém quiser ser meu discípulo, tome a sua cruz todos os dias e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á e quem a perder por amor de mim salvá-la-á.» (Mt 16,24)
Mas ninguém se atreveu a lembrar o ensinamento do Mestre. A fúria da multidão gritava mais alto que o amor dos ouvintes. Jesus perdendo a sua vida, ia salvá-la, salvando-nos a todos nós. 
2.º LEITOR:
Embora tradicionalmente encontremos Maria Santíssima apenas na quarta estação, pensemos que Ela terá assistido já aos primeiros passos de Jesus em direcção ao calvário. O acontecimento era demasiado importante para que não tivesse atravessado num momento toda a cidade de Jerusalém e chegado ao conhecimento da Mãe. Não se tratava de um julgamento e de uma condenação qualquer, mas da condenação de um «profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo». (Lc 24,19) Por isso, a notícia terá corrido rapidamente. 
TODOS:
Virgem Santíssima, imagino, se é que se pode imaginar, o vosso sofrimento perante a visão do vosso filho de cruz às costas. Queríeis levá-la vós mesma suportando toda a vergonha e dor sobre os vossos próprios ombros. Mas isso era absolutamente impossivel porque éreis mulher e mãe do condenado e convinha, no pensar dos inimigos, que Ele suportasse os maiores padecimentos porque era blasfemo por se ter proclamado abertamente Filho de Deus (Lc 22,70). Então associaste-Vos de coração ao seu sofrimento. 
Virgem Santíssima, inspirai-nos um grande amor a Jesus para que, à vossa imitação sejamos capazes de sentir no próprio coração os seus sofrimentos e a sua humilhação. 
V/ - Tende compaixão de nós, Senhor!
R/ - Tende compaixão de nós!
Pai-Nosso...
 
3.ª ESTAÇÃO
JESUS CAI PELA PRIMEIRA VEZ
V/ - Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Cristo
R/ - Que pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
1.º LEITOR:
Nesse cortejo a caminho da morte «seguia-o uma grande multidão do povo» (Lc 27,27). Jesus e os dois condenados iam resguardados pelos soldados que deixavam um espaço livre, formando uma espécie de palco ambulante, para que os curiosos, na berma do caminho, pudessem fixar bem os malfeitores e o profeta de Nazaré e lançar-lhes talvez uma última invectiva. A certa altura, o cortejo parou e um sussurro percorreu toda aquela multidão: caiu! 
Esgotado após uma noite de maus tratos e por ter perdido muito sangue, Jesus desequilibrou-se e caiu por terra. Esta informação chegou também ao conhecimento de Maria...
2.º LEITOR:
Penso, Senhor, no sofrimento do vosso coração nesse momento, ao sentir que não tínheis possibilidade de O ajudar a levantar-se. Estáveis no meio de muita gente e não vos deixaram transpor a barreira formada por aquela multidão e pelos soldados. Pesastes talvez noutras pequenas quedas do vosso Filho, em Nazaré, nos primeiros anos da sua infância. Então Ele tinha, para alívio da dor, a vossa mão e o vosso regaço materno. Quantas vezes Vós lhe tereis dito aquela frase que está no coração de todas as mães do mundo «isso não foi nada» que constitui o mais poderoso remédio para quando as crianças caem. Agora perante esse sofrimento terrível da primeira queda no caminho do calvário, Ele não pôde ouvir dos vossos lábios o bálsamo de uma palavra maternal. 
TODOS:
Virgem Santíssima, obrigado por Vos terdes associado tão intimamente à Paixão de Jesus. Ele caiu no caminho do Calvário para que nós nos pudéssemos levantar das nossas quedas. 
Vós que nunca tivestes a mais leve sombra de pecado e que sempre conservastes uma santidade imaculada ao longo da vossa vida, inspirai-nos um grande horror ao pecado lembrando-nos continuamente as quedas de Jesus no caminho do Calvário e o vosso sofrimento de Mãe ao sabê-lo assim prostrado por terra sem uma mão amiga que O ajudasse a levantar e sem uma boca que lhe dissesse uma palavra de carinho. 
V/ - Tende compaixão de nós, Senhor!
R/ - Tende compaixão de nós!
Pai-Nosso...
 
4.ª ESTAÇÃO
JESUS ENCONTRA A MÃE
V/ - Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Cristo
R/ - Que pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
1.º LEITOR:
Não foi certamente por acaso que a Tradição colocou na Via Sacra o encontro de Jesus com a Mãe logo após a primeira queda. Embora misturada com a multidão, Maria ousou furar por entre as pessoas para estar mais junto do seu Divino Filho. E consegui-o. Os soldados ficaram durante alguns instantes espantados com a valentia desta Mãe e, pelos seus corações duros, habituados à violência e ao horror das condenações, talvez tenha perpassado a lembrança de alguma cena de ternura das próprias mães. Entretanto, as pessoas mais próximas teriam comentado: É a Mãe de Jesus, do Profeta de Nazaré. E, na confusão daquele cortejo barulhento, houve uns momentos de silêncio respeitoso. Era o encontro da Mãe com o Filho condenado à morte. 
2.º LEITOR:
A tradição não registou nenhuma palavra de Maria ou de Jesus. Que terão dito um ao outro? Talvez apenas estas duas palavras: MÃE! FILHO! Tudo o resto terá sido apenas olhar, aquele olhar intraduzível que diz mais que longas conversas. Olhar e presença! Ela estava ali como estivera na fuga para o Egipto, na perda e encontro no templo ou na hora em que os parentes O julgavam fora de si. Ela estava ali, como em Caná da Galileia, a pedir-lhe que fizesse o milagre de transformar a água das nossas vidas tíbias no vinho generoso de uma doação a Deus. Mas esses momentos de doce enlevo durariam pouco. Não tardou a ouvir-se a voz forte de comando: afastem essa mulher lá para trás! Prossiga o cortejo!
TODOS:
Senhora encontrada com o vosso Divino Filho no caminho do Calvário, encontrai-Vos comigo na via sacra da minha vida, particularmente quando o caminho se torna mais penoso ou depois de qualquer queda. Preciso da vossa presença reconfortante e da vossa simpatia maternal para continuar a caminhar sem fraquejar. Mãe da Divina Graça, iluminai com a vossa presença os caminhos, por vezes obscuros, do meu dia a dia.
V/ - Tende compaixão de nós, Senhor!
R/ - Tende compaixão de nós!
Pai-Nosso...
 
5.ª ESTAÇÃO
SIMÃO DE CIRENE LEVA A CRUZ DE JESUS
V/ - Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Cristo
R/ - Que pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
1.º LEITOR:
Refere São Lucas: «Enquanto o conduziam, detiveram um certo Simão de Cirene, que voltava do campo, impuseram-lhe a cruz para que a carregasse atrás de Jesus». (Lc 23,26)
Esta cena posta logo depois do encontro com a Mãe pode ter levado alguns a pensar que se tratava de um acto de comiseração e piedade que viria, embora por instantes, aliviar um pouco a dor do coração de Maria. Mas a intenção era completamente diferente: o que eles pretendiam era que Jesus não sucumbisse na caminhada e que chegasse com vida ao Calvário para lhe aplicar um castigo exemplar por ter afirmado que era Filho de Deus.
2.º LEITOR:
Maria terá recordado essa cena de Jesus Menino carregando um cântaro de água, à vinda da fonte, para ajudar a mãe, ou então, já adulto, oferecendo-se para fazer tarefas mais exigentes para as suas forças de mulher. Porque aquilo que mais tarde ele havia de pregar sobre a atenção aos outros e sobre a caridade começou por praticá-lo em casa e na sua cidade de Nazaré. São Paulo explica o essencial da mensagem de Jesus quando escreve: levai os fardos uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo (Gal 6,2).
Maria Santíssima ao ver colocar a cruz sobre os ombros de Simão terá ela mesmo desejado carregar essa cruz, aliviando assim o Filho daquele peso como Ele, tantas vezes, a tinha aliviado da fadiga na humilde casa de Nazaré. Por outro lado terá olhado com amor e gratidão para aquele desconhecido que assim minorava o sofrimento de Jesus. O que se faz a um filho repercute-se sempre no coração da mãe.
TODOS:
Virgem Santíssima, concedei-nos a graça de, perante as cruzes da vida, saber aproveitar e testemunhar o amor que elas podem representar a Cristo. Ajudai-nos a não nos lastimarmos mas a alegrarmo-nos por levar a cruz com Jesus. Que, nesses momentos, sejamos capazes de sentir o vosso olhar amoroso poisar sobre nós como terá pousado sobre Simão de Cirene. Dai-nos a graça de sentir aquilo que esta estação nos ensina: todas as cruzes da vida podem ser a cruz de Cristo. Ele caminha sempre à nossa frente como caminhou à frente de Simão em direcção ao Calvário. 
V/ - Tende compaixão de nós, Senhor!
R/ - Tende compaixão de nós!
Pai-Nosso...
 
6.ª ESTAÇÃO
A VERÓNICA LIMPA O ROSTO DE JESUS 
V/ - Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Cristo
R/ - Que pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
1.º LEITOR:
Talvez estimulada pelo gesto de Maria ou pelo de Simão, uma mulher anónima do povo, de nome Verónica, ganhou coragem e, vencendo também a barreira dos soldados, demostrou o amor compadecido que lhe ia no coração: aproximou-se de Jesus e, sem dizer palavra, enxugou-lhe o rosto inundado de suor, sangue e pó. Foi um gesto atrevido e rápido porque os soldados afastaram-na logo bruscamente. Mas ela sentiu-se feliz por ter prestado esta pequena delicadeza ao Profeta condenado a morrer na cruz. E mais feliz ficou, quando as pessoas em alvoroço lhe disseram que o rosto de Jesus tinha ficado impresso naquele pano. Um pequeno gesto tinha-lhe valido uma grande recompensa. 
2.º LEITOR: 
Maria terá olhado para aquela mulher com sentimentos da maior gratidão. O seu gesto tinha sido inteiramente gratuito. O Meste não lhe pedira nada e os soldados não a tinham forçado como a Simão de Cirene. Foi um gesto espontâneo que brotou da ternura do seu coração de mulher. 
Ao olhar para aquele pano que retratava o rosto ensanguentado de Jesus quantas imagens não passaram pela mente da Santíssima Virgem: o menino no presépio, o adolescente, o jovem encantador, o adulto esforçado com o rosto coberto de suor na oficina de Nazaré. Tantas imagens belas e todas muito diferentes daquela imagem de dor. Maria terá recordado a profecia de Isaías: tão desfigurado estava que tinha perdido a aparência humana... não tinha graça nem beleza para atrair os nossos olhares (Is 52,14 e 54,2).
TODOS:
Virgem Santíssima, que contemplastes o rosto desfigurado do vosso Filho impresso no pano com que Verónica lhe enxugou o sangue e o suor, não permitais que eu desfigure o seu belo rosto em mim. Que eu, no que penso, digo, faço ou omito seja sempre uma transparência fiel desse Jesus que é o mais belo dos filhos dos homens. Que o meu rosto seja o rosto sereno de Cristo nas horas alegres, nas horas de provação ou nas horas de sofrimento. Ensinai-me também a olhar para Cristo e a descobrir o seu amor por mim particularmente durante a Paixão. 
V/ - Tende compaixão de nós, Senhor!
R/ - Tende compaixão de nós!
Pai-Nosso...
 
7.ª ESTAÇÃO
JESUS CAI PELA SEGUNDA VEZ
V/ - Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Cristo
R/ - Que pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
1.º LEITOR:
Após o encontro com o seu Divino Filho, Maria foi imediatamente afastada para o meio da multidão. A sua presença tornava-se incómoda para os soldados. Quem sabe se algum deles não iria comover-se perante aquela mãe dulcíssima que lhe despertaria talvez alguma lembraça do carinho da própria mãe. Por isso, era conveniente afastá-la para que, no seu silêncio e na sua dor, não reprovasse a atitude cruel daqueles homens de coração duro. Mas, a determinado momento, um sussurro perpassou pela multidão: caiu outra vez! a noticia correu célere de boca em boca. E chegou aos ouvidos de Maria. 
2.º LEITOR:
Não presenciando esta queda, Maria sofreu ainda mais no seu coração que logo se interrogaria: ter-se-ia magoado muito? Quem o teria empurrado? Alguem o ajudaria a levantar-se? 
A segunda queda de Jesus torna mais evidente a impiedade dos inimigos, o sofrimento de Jesus e da Mãe. Mas, adientando, de certo modo, o perdão de Jesus na cruz, Ela terá dito no íntimo de coração: perdoai-lhes, Senhor, porque eles não sabem o que estão a fazer!
TODOS:
Virgem Santíssima, ao meditar na segunda queda de Jesus, peço-Vos por tantas mães que recebem notícias preocupantes de filhos ausentes através de uma carta, de um telefonema, de um fax... O facto de estarem longe aumenta mais o seu sofrimento. Que terá realmente acontecido? Será que a mensagem traduz com fidelidade o facto relatado?
Por outro lado, quando alguém me contar que fui injustamente acusado, que houve que tudo fizesse para fazer cair por terra o meu bom nome e a minha reputação, fazei-me reagir com duçura à calúnia esquecendo-me do mal e, se possível, pagando-o com o bem e dando-lhe o meu perdão completo e definitivo. 
V/ - Tende compaixão de nós, Senhor!
R/ - Tende compaixão de nós!
Pai-Nosso...
 
8.ª ESTAÇÃO
PIEDOSAS MULHERES CHORAM POR JESUS
V/ - Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Cristo
R/ - Que pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
1.º LEITOR:
São Lucas diz-nos: « Seguia-O uma grande multidão do povo e mulheres que batiam no peito e se lamentavam.». Está provado que a capacidade de observação das mulheres é superior à dos homens. E a sua sensibilidade mais apurada.
Isto explica a reacção destas mulheres: tendo visto os sofrimentos de Jesus e de Maria não se contiveram sem manifestar a sua dor. Elas também tinham filhos e não gostariam de os ver naquela situação e de experimentar a dor daquela Mãe. Por isso terão lamentado tão alto crime que Jesus lhes respondeu: «Filhas de Jerusalém, não choreis sobre mim, chorai sobre vós mesmas e sobre os vossos filhos».
2.º LEITOR:
Aparentemente parece que Jesus recusou a piedade destas piedosas mulheres. Nada mais errado. O que Jesus quis dizer é que há quem sofra e faça sofrer sem sentido redentor, quem suba calvários não para fazer a vontade de Deus mas para satisfazer os instintos mais baixos ou porque incapaz de dizer não ao egoísmo ou a um vício... Ele mesmo subiu agora ao Calvário porque outros, espiritualmente chegados e débeis de vontade, arrastavam a vida por caminhos turtuosos e poeirentos. Talvez alguns filhos daquelas mulheres que se lamentavam estivessem também na origem dos sofrimentos físicos de Jesus. Mas o que realmente nos deve preocupar são as chagas espirituais, as cruzes sem redenção, a morte sem esperança de ressurreição.
TODOS:
Virgem Santíssima, ninguém melhor que Vós compreendeu a reacção das mulheres de Jerusalém e as palavras do vosso Filho. Ele falou das desgraças que se verificariam, dali a poucos anos, naquela cidade sobre a qual tinha chorado e que não tinha conhecido a sua visita. Habituada como estáveis a meditar em vosso coração as palavras de Jesus, teríeis descoberto todo o sentido daquele «chorai sobre vós mesmas e sobre os vossos filhos» e das expressões «Então dirão aos montes: caí sobre nós! E aos outeiros: cobri-nos! Porque se fazem isto ao lenho verde, que acontecerá ao seco!»
Ajudai-nos, Mãe Santíssima, a escutar atentamente a Palavra de Deus, a meditá-la no nosso coração, e a estar atentos aos acontecimentos e às moções que Deus, através deles, desperta no nosso coração.
V/ - Tende compaixão de nós, Senhor!
R/ - Tende compaixão de nós!
Pai-Nosso...
 
9.ª ESTAÇÃO
JESUS CAI PELA TERCEIRA VEZ
V/ - Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Cristo
R/ - Que pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
1.º LEITOR:
A multidão que seguia Jesus estanca de nova a caminhada lenta. E a explicação é transmitida de boca em boca: caiu novamente! Houve uma pausa no caminho porque Jesus se encontrava prostrado por terra. Um momento de reflexão. Mais um momento de amargura para Maria. Esta quada, mais penosa que as anteriores, também causou maior sofrimento a Maria. Ela adivinhava, como só as mães têm o dom de adivinhar, o esgotamento de Jesus e a dor de todas as feridas do seu corpo. Talvez, no meio daquele burburinho de meias palavras de ódio e de risos escarninhos, Ela tenha escutado as palavras desabridas dos soldados ou os gritos de: levanta-te! o calvário já está próximo!
2.º LEITOR:
Subindo ao Calvário juntamante com Jesus, sofrendo na sua alma as dores daquela Via Sacra redentora, Maria não coloca nenhum limite à sua generosidade. Aceita as injúrias, os risos escarninhos, os sofrimentos do Filho que se lhe cravavam como punhais na alma. Ela tinha dito SIM a Deus em Nazaré e continuava a dizê-lo nessa Sexta Feira Santa pelas ruas de Jerusalém. Com a mesma disponibilidade de coração. Sabendo que os planos de Deus são sempre surpreendentes e derrubam os nossos próprios projectos. 
TODOS:
Virgem Santíssima, dai-nos um coração sensível e generoso como o vosso para sentirmos a dor alheia e para sermos capazes de a oferecer, juntamente com a nossa própria dor. Que não seja o que os outros dizem ou pensam a impedir-nos de cumprir a vontade de Deus. Que no meio do sofrimento tenhamos a coragem de calar qualquer palavra de revolta unido a nossa dor à de Jesus no caminho do calvário das pequenas via-sacras da nossa vida: na vida familiar, no emprego, na relação com os outros, na diferença de opiniões... Que nunca julguemos excessivas as provas que passamos.
V/ - Tende compaixão de nós, Senhor!
R/ - Tende compaixão de nós!
Pai-Nosso...
 
10.ª ESTAÇÃO
JESUS É DESPIDO DAS SUAS VESTES
V/ - Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Cristo
R/ - Que pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
1.º LEITOR:
Após a terceira queda, Jesus levantou-se e seguiu cambaleando até ao Calvário. Se durante a caminhada, Ele tinha sido o centro de todas as atenções, ali muito mais. O Calvário era o palco público onde seria exemplarmente castigado Aquele «que se tinha feito Filho de Deus». Jesus com os dois condenados estava no lugar mais elevado. Ao redor, inimigos e amigos, tinham os olhos postos n´Ele. Antes de o crucificarem, despojaram-no brutalmente das suas vestes coladas ao corpo pelo sangue.
Maria assistiu a esta cena com horror. À dor física daquele despojamento, juntou-se a dor moral dessa suprema humilhação e atentado ao pudor.
2.º LEITOR:
Maria despojou-se da própria vontade na Anunciação quando aceitou ser Mãe do Verbo Incarnado, despojou-se da própria terra quando fugiu para o Egipto, despojou-se da companhia do Filho no início da vida pública. Agora despojava-se totalmente d´Ele ao vê-lo entregue aos poderes públicos e às mãos e soldados sem escrúpulos para ser crucificado. Ela tinha aprendido d´Ele este despojamento tantas vezes recomendado no evangelho: quem não se despojar dos seus bens e de si mesmo não pode ser meu discípulo. Ela sabia que Jesus tinha proclamado bem-aventurados os pobres de espírito, os que se despojam de tudo por amor do Reino dos Céus e que Ele próprio tinha dito de si mesmo que o Filho do homem não tinha uma pedra para reclinar a cabeça.
TODOS:
Maria Santíssima, nesta estação da Via Sacra, nos Vos pedimos a graça de nos despojarmos de muitas coisas que nos impedem de nos parecermos convosco e com Jesus. Vivemos num mundo cada vez mais apegado aos bens da terra em que o critério para julgar as pessoas é o ter e não o ser. Porque muitas vezes estamos vazios por dentro barricamo-nos por fora com imensas coisas em que colocamos a nossa segurança. E elas, longe de nos protegerem, só nos impedem de caminhar. 
Virgem pobre de Nazaré, quando Deus nos pedir qualquer despojamento que custe muito, dai-nos a graça de não recusarmos esse sacrifício. Que sintamos mais alegria em dar que em receber. Por amor do vosso Filho despojado no Calvário. 
V/ - Tende compaixão de nós, Senhor!
R/ - Tende compaixão de nós!
Pai-Nosso...
 
11.ª ESTAÇÃO
JESUS É CRUCIFICADO
V/ - Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Cristo
R/ - Que pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
1.º LEITOR:
Estendido sobre o madeiro, os verdugos pegam nas mãos e nos pés de Jesus e perfuram-nos com grandes cravos. Jesus contrai o seu olhar límpido e sereno acusando o grande sofrimento que o atormenta. Maria terá feito o mesmo. Aquela carne era a sua própria carne que estava a ser perfurada. Mas, como Jesus, Ela não diz uma palavra de revolta. Apenas algum «ai» ou algum suspiro terá brotado dos seus lábios maternos. Já o Profeta tinha anunciado: « ó vós todos que passais pelo caminho, parai e vede se há dor semelhante à minha dor.»
O silêncio de Maria no Calvário, unido ao silêncio de Jesus, foi a grande pregação que converteu muitos corações. Todos viam quanto os dois sofriam e, por isso, admiravam a serenidade do Filho e da Mãe. Algum segredo extraordinário havia ali para tal atitude.
2.º LEITOR:
Uma vez Jesus tinha proclamado na sua pregação: quem mete a mão ao arado e olha para trás não é digno de mim, isto é, quem é incumbido de uma missão e recua não é digno d´Ele. Porque Ele, como tinha dito o Profeta, não recuou um passo. Foi até ao fim por amor aos homens e pela nossa salvação. Maria, a primeira discípula, também não recuou. o Sim que tinha dito há trinta e três anos em Nazaré, manteve-se firme para sempre. Ela estava ali a pronunciá-lo no silêncio da sua presença. 
TODOS:
Virgem Santíssima, que tantas vezes apertastes aquelas mãos com carinho, que ensinastes aqueles pés a dar os primeiros passos, ajudai-nos a compreender a heroicidade do vosso sofrimento nesta hora. Dai-nos coragem para nos mantermos fiéis aos nossos compromissos principalmente quando eles exigem de nós maior valentia porque cercados pelo sofrimento.
Que mais que as palavras, fale por nós a nossa vida cristã. E que este testemunho de fidelidade, do silêncio heróico, leve alguns a interrogar-se sobre a razão da nossa esperança.
V/ - Tende compaixão de nós, Senhor!
R/ - Tende compaixão de nós!
Pai-Nosso...
 
12.ª ESTAÇÃO
JESUS MORRE NA CRUZ
V/ - Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Cristo
R/ - Que pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
1.º LEITOR:
Tendo crucificado Jesus, os algozes ergueram a cruz para o expor diante do olhar de todos. Aqui, ainda com mais verdade que João Baptista nas margens do Jordão, alguém o poderia ter apontado: Eis o cordeiro de Deus, eis aquele que tira o pecado do mundo. 
Nossa Senhora estava bem perto da cruz. Agora deixaram que Ela se aproximasse do Filho suspenso entre o Céu e a terra. A tradição gostou sempre de a representar, na pintura e na poesia, de olhos magoados serenemente postos em Jesus. Quem não conhece esse belíssimo poema «Stabat Mater»? «Estava a Mãe dolorosa Junto da cruz lacrimosa, Enquanto Jesus sofria. Uma longa e fria espada, Nessa hora atribulada O seu coração feria.»
2.º LEITOR:
As três horas de agonia de Jesus foram três horas de agonia de Maria. Ao contemplá-lo, Ela sentia no coração aquele tremendo sacrifício. E, como afirmam alguns autores, se não fosse uma particular graça de Deus, Ela teria morrido de dor aos pés da cruz. 
Maria escutou e compreendeu como ninguém todo o alcance das sete palavras de Jesus na cruz. Mas houve uma particularmente orientada para Si. Conta o Evangelista São João: «Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à mãe: «Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: "Eis aí a tua mãe". E dessa hora em diante o discípulo levou-a para sua casa.» (Jo 19, 26-27)
No alto do Calvário, nessa hora suprema da vida de Jesus, Maria é proclamada Mãe de todos os discípulos e a eles é confiado também o dever de velar por Ela. 
TODOS:
Virgem Santíssima, Senhora da Soledade, queremos agradecer-Vos o terdes aceitado esta vossa nova missão maternal. Ela é fruto não apenas do sacrifício do vosso Filho mas também do vosso sacrifício, da dolorosa Via Sacra que rasgou o vosso coração.
A exemplo de São João e seguindo a recomendação de Jesus, nós queremos ter-Vos na nossa casa e na nossa vida. Não apenas numa imagem inerte mas na presença do vosso exemplo vivificante. Cada um de nós reza como nos ensina a Igreja na liturgia: Mãos postas à vossa beira/ Saiba eu a vida inteira / Guiar por Vós os meus passos. - E quando a noite vier / Eu me sinta adormecer / No calor dos vossos braços.
V/ - Tende compaixão de nós, Senhor!
R/ - Tende compaixão de nós!
Pai-Nosso...
 
13.ª ESTAÇÃO
JESUS DESCIDO DA CRUZ E DEPOSTO NOS BRAÇOS DE SUA MÃE
V/ - Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Cristo
R/ - Que pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
1.º LEITOR:
Quando o pequeno grupo dos amigos de Jesus se certificou da sua morte, José de Arimateia foi, em nome de todos, à presença de Pilatos pedir o corpo do crucificado. A cena é evocada pela imaginação cristã na escultura de muitos calvários e na pintura de muitos quadros. José de Arimateia, coloca uma pequena escada encostada à cruz e, auxiliado por Nicodemos, arranca os cravos das mãos utilizando, ao mesmo tempo, um lençol, para deixar deslizar suavemente o corpo inerte.
Maria assiste ao descimento da cruz amparada por Madalena e por ouras piedosas mulheres. Foi um renovar de todas as suas dores, um recordar da história da sua vida que, durante trinta e três anos, se confundiu com a vida de Jesus. 
2.º LEITOR:
O corpo de Jesus descido da cruz é deposto nos braços de Maria que o contempla e beija emocionada. Ao olhar para aquelas chagas Ela terá recordado as palavras do profeta: pelas suas chagas fomos curados. Mas particularmente a emocionou a chaga do lado, aberta pelo soldado romano na direção do coração. Maria evocou a profecia de há trinta e três anos, quando Simeão, no dia da Apresentação no Templo, lhe disse: "Este menino está destinado a ser uma causa de queda e ressurgimento para muitos homens em Israel, e ser um sinal que provocará contradições, a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações. E uma espada de dor trespassará a tua alma". (Lc 2, 34-35) Ali estava o seu Filho que tinha sido morto precisamente por ter provocado contradições, ali estava Ela com a alma trespassada por sete espadas de dor, como gosta de a representar a piedade popular. 
TODOS:
Virgem Santíssima, Senhora das dores que atingem o cume neste momento, quantas veze Vós tinheis olhado enlevada para aquele rosto do "mais belo dos filhos dos homens" parecido com o vosso até fisicamente à custa de tanto o contemplar. Como ele estava horrivelmente desfigurado! Aquele rosto não era o de Jesus mas o do homem pecador. A lembrança das palavras de Jesus ditas à momentos "Mulher eis aí o teu filho!" (Jo 19,26)  fez-Vos naturalmente pensar nos outros filhos que Vos foram confiados, em todos nós, pecadores. Cada um de nós é esse filho desfigurado pela maldade e pelo pecado que Vós agora tendes nos braços.
Nesta décima terceira estação, nós Vos pedimos: Olhai com bondade e compaixão para todos nós. Ou como rezamos diariamente: Rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amen. 
V/ - Tende compaixão de nós, Senhor!
R/ - Tende compaixão de nós!
Pai-Nosso...
 
14.ª ESTAÇÃO
A SEPULTURA DE JESUS
V/ - Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Cristo
R/ - Que pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
1.º LEITOR:
Ungindo apressadamente o corpo de Jesus, (porque era a véspera de um Grande sábado) com perfumes de alto preço adquiridos por Nicodemos, formou-se um pequeno cortejo com alguns pequenos amigos e "as mulheres que tinham vindo com Jesus da Galileia" em direcção ao sepulcro de José de Arimateia "onde ainda ninguém tinha sido depositado". Este carinho dos amigos foi um pequeno lenitivo para a dor de Maria. O corpo de Jesus não fora atirado para a vala comum. Os amigos cercaram o seu sepultamento do máximo respeito e veneração. Nicodemos comprando cem libras de uma mistura de mirra e aloés e José de Arimateia doando-lhe o próprio sepulcro em que ninguém ainda tinha sido depositado. No funeral de Jesus tudo foi cercado de muita amizade, respeito e carinho. Maria, nessa hora de provação, sentiu o conforto da presença dedicada destas pessoas amigas. Seguindo o cadáver de Jesus até ao sepulcro, Ela continuava a repetir o Sim da Anunciação acreditando mais na palavra de Deus do que em tudo o que se estava a passar. 
2.º LEITOR:
Colocando o corpo no sepulcro e rolada a grande pedra, Maria, ao despedir-se, olhava saudosamente para trás, quase como quem não se conformava com a realidade de já não poder contemplar o rosto do Filho. Jesus tinha afirmado que ressuscitaria. Ela acreditava que voltaria a vê-lo mas não sabia como nem quando. Como os apóstolos também Ela, de certo modo, se interrogaria, sobre o que significava «ressuscitar dos mortos». (Mc 9,10).
TODOS:
Virgem Santíssima, vejo-Vos agora já na cidade de Jerusalém a celebrar a Páscoa desse ano de uma maneira especial. O cordeiro imolado que partilhastes, em casa de algum parente ou família amiga lembou-Vos as palavras do Profeta: Foi maltratado e resignou-se; não abriu a boca, como um cordeiro que se conduz ao matadouro, e uma ovelha muda nas mãos do tosquiador... Quem pensou em defender a sua causa, quando foi suprimido da terra dos vivos, morto pelos pecados do meu povo? (Is 53, 7-8) E, nessa noite, colocastes também a vossa imolação na Ceia Pascal que, para Vós, já era a Páscoa da Nova Aliança. 
V/ - Tende compaixão de nós, Senhor!
R/ - Tende compaixão de nós!
Pai-Nosso...
 
15.ª ESTAÇÃO
A RESSURREIÇÃO DE JESUS
V/ - Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Cristo
R/ - Que pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
1.º LEITOR:
Maria passou o Grande Dia de Sábado mergulhada na dor e na esperança renovando o seu Sim à vontade de Deus. Sendo Mãe, justificar-se-ia mais que ninguém que estivesse ansiosa por ir ao túmulo. Mas não encontramos a sua presença nos relatos evangélicos. São Mateus diz-nos: «Depois do sábado, quando amanhecia, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o túmulo... O Anjo disse às mulheres: "não temais! Sei que procurais Jesus que foi crucificado. Não está aqui: ressuscitou, como disse."  
À primeira vista impressiona que Maria não esteja presente em qualquer das aparições de Jesus ressuscitado relatadas pelos evangelistas. Mas adivinha-se facilmente que a primeira aparição de Jesus Ressuscitado tenha sido à Mãe, como sempre acreditaram os cristãos e exprimiram diversos pintores. As aparições do Ressuscitado a Maria podem estar implícitas nesta frase de São João: «Jesus fez, na presença dos discípulos, ainda muitos outros milagres que não estão escritos neste livro» (Jo 20,30).
2.º LEITOR:
Em diversas aparições, Jesus ressuscitado censurou a incredulidade dos discípulos chamando-lhes "tardos de coração" e proclamando "felizes aqueles que acreditaram sem terem visto. Maria santíssima não estava neste número. A primeira bem-aventurança do evangelho diz respeito à sua fé e foi proclamada por Santa Isabel: «Bem-aventurada és tu que acreditaste, pois se hão-de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!» (Lc 1,45).
Por isso, Ela não precisava de aparições públicas para fortalecer a sua fé. As vezes em que Jesus lhe apareceu foram apenas para entrar num doce colóquio de intimidade com Ela ou para a iluminar e fortalecer na tarefa que lhe fora confiada de Mãe da Igreja. 
TODOS:
Virgem Santíssima, Mãe do Divino Ressuscitado, Refúgio dos pecadores e Auxílio dos cristãos, nós Vos pedimos a graça de viver como ressuscitados a nossa vocação baptismal. Que em nós se cumpra a palavra de São Paulo: «Uma vez que ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto, onde Cristo se encontra, sentado à direita de Deus, afeiçoai-vos às coisas do alto, não às coisas da terra». (Col 3, 1-2)
Dai-nos um ardente desejo do Céu pelas alegrias que experimentastes na ressurreição do vosso Divino Filho. Amen. 
Pelas intenções do Santo Padre: Pai-Nosso, Avé-Maria, Glória

 

EXPLICAÇÃO:

VIA SACRA COM MARIA parte do pressuposto que a presença de Nossa Senhora na Via Sacra de Jesus não se limitou apenas ao Encontro na IV estação, como tradicionalmente contemplamos, mas que Ela fazia parte da grande multidão do povo que O seguia desde o Pretório de Pilatos até ao Calvário. A notícia da prisão e do julgamento de Jesus encheu toda a cidade de Jerusalém. Se alguma pessoa não podia ficar indiferente a essa notícia... essa pessoa era a Mãe. Por isso, terá acompanhado, de alma trespassada pela dor, os passos do Filho em direcção ao Calvário onde a encontramos ao pé da Cruz. 

Porquê esta VIA SACRA COM MARIA?

Para apreder d' Ela e com Ela como se devem viver as situações mais difíceis da vida. 

 

1.ª ESTAÇÃO

JESUS É CONDENADO À MORTE

V/ - Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Cristo

R/ - Que pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

1.º LEITOR:

Depois de Jesus ter sido preso, levaram-no a Anás e Caifás. Ali foi interrogado sobre a sua doutrina, esbofeteado por um dos guardas, negado por Pedro. Depois foi conduzido a Pilatos, o Governador hesitante, incapaz de tomar uma posição, mais apegado ao seu cargo que à verdade. São João transmitiu-nos este diálogo interessante:

«Pilatos entrou no pretório, chamou Jesus e perguntou-lhe: - És tu o rei dos judeus? Respondeu Jesus: - Dizes isso por ti mesmo, ou foram outros que to disseram de mim? Disse Pilatos: - Acaso sou eu judeu? A tua nação e os sumos-sacerdotes é que te entregaram a mim. Que fizeste? Respondeu Jesus: - O meu Reino não é deste mundo. Se o meu Reino fosse deste mundo, os meus súbditos certamente teriam combatido para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu Reino não é deste mundo. Perguntou-lhe Pilatos: -És, portanto, rei? Respondeu Jesus: - SIM, eu sou rei. É para dar testemunho da verdade que nasci e vim ao mundo. Todo o que é da verdade ouve a minha voz.» (Jo 18, 33-37)

2.º LEITOR:

Este SIM de Jesus é a repercusão do primeiro SIM do Verbo «eis que venho para fazer a tua vontade» (Heb 10,9) e do SIM de Maria «eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra». (Lc 1,38). Se Jesus tivesse dito que não, que não era rei, possivelmente teria sido libertado. Mas Ele, como diz S. Paulo, não foi um sim e um não (2 Cor 1,17) Ensinou-nos a fazer a vontade do Pai mesmo quando não a compreendemos ou ela nos custa.

TODOS:

Nossa Senhora do SIM, ajudai-nos a dizer sempre SIM quando nos é imposto um sacrifício, quando está em jogo a vontade do Pai e a coerência da nossa vida cristã. Às vezes, porque não vemos claro, acode-nos a tentação de dizer não, de fugir à responsabilidade. Que sejamos capazes de unir o nosso sim ao de Jesus e ao vosso no momento da Anunciação. 

V/ - Tende compaixão de nós, Senhor!

R/ - Tende compaixão de nós!

Pai-Nosso...

 

2.ª ESTAÇÃO

JESUS CARREGA A SUA CRUZ

V/ - Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Cristo

R/ - Que pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

1.º LEITOR:

Condenado por Pilatos à crucifixão, diz São João: «levaram então consigo Jesus. Ele próprio carregava a cruz para fora da cidade, em direcção ao lugar chamado Calvário, em hebraico Gólgota (Jo 19,17).

Alguns ouvintes de Jesus, que naturalmente estariam presentes nessa hora, terão compreendido melhor a sua afirmação quando disse: «se alguém quiser ser meu discípulo, tome a sua cruz todos os dias e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á e quem a perder por amor de mim salvá-la-á.» (Mt 16,24)

Mas ninguém se atreveu a lembrar o ensinamento do Mestre. A fúria da multidão gritava mais alto que o amor dos ouvintes. Jesus perdendo a sua vida, ia salvá-la, salvando-nos a todos nós. 

2.º LEITOR:

Embora tradicionalmente encontremos Maria Santíssima apenas na quarta estação, pensemos que Ela terá assistido já aos primeiros passos de Jesus em direcção ao calvário. O acontecimento era demasiado importante para que não tivesse atravessado num momento toda a cidade de Jerusalém e chegado ao conhecimento da Mãe. Não se tratava de um julgamento e de uma condenação qualquer, mas da condenação de um «profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo». (Lc 24,19) Por isso, a notícia terá corrido rapidamente. 

TODOS:

Virgem Santíssima, imagino, se é que se pode imaginar, o vosso sofrimento perante a visão do vosso filho de cruz às costas. Queríeis levá-la vós mesma suportando toda a vergonha e dor sobre os vossos próprios ombros. Mas isso era absolutamente impossivel porque éreis mulher e mãe do condenado e convinha, no pensar dos inimigos, que Ele suportasse os maiores padecimentos porque era blasfemo por se ter proclamado abertamente Filho de Deus (Lc 22,70). Então associaste-Vos de coração ao seu sofrimento. 

Virgem Santíssima, inspirai-nos um grande amor a Jesus para que, à vossa imitação sejamos capazes de sentir no próprio coração os seus sofrimentos e a sua humilhação. 

V/ - Tende compaixão de nós, Senhor!

R/ - Tende compaixão de nós!

Pai-Nosso...

 

3.ª ESTAÇÃO

JESUS CAI PELA PRIMEIRA VEZ

V/ - Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Cristo

R/ - Que pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

1.º LEITOR:

Nesse cortejo a caminho da morte «seguia-o uma grande multidão do povo» (Lc 27,27). Jesus e os dois condenados iam resguardados pelos soldados que deixavam um espaço livre, formando uma espécie de palco ambulante, para que os curiosos, na berma do caminho, pudessem fixar bem os malfeitores e o profeta de Nazaré e lançar-lhes talvez uma última invectiva. A certa altura, o cortejo parou e um sussurro percorreu toda aquela multidão: caiu! 

Esgotado após uma noite de maus tratos e por ter perdido muito sangue, Jesus desequilibrou-se e caiu por terra. Esta informação chegou também ao conhecimento de Maria...

2.º LEITOR:

Penso, Senhor, no sofrimento do vosso coração nesse momento, ao sentir que não tínheis possibilidade de O ajudar a levantar-se. Estáveis no meio de muita gente e não vos deixaram transpor a barreira formada por aquela multidão e pelos soldados. Pesastes talvez noutras pequenas quedas do vosso Filho, em Nazaré, nos primeiros anos da sua infância. Então Ele tinha, para alívio da dor, a vossa mão e o vosso regaço materno. Quantas vezes Vós lhe tereis dito aquela frase que está no coração de todas as mães do mundo «isso não foi nada» que constitui o mais poderoso remédio para quando as crianças caem. Agora perante esse sofrimento terrível da primeira queda no caminho do calvário, Ele não pôde ouvir dos vossos lábios o bálsamo de uma palavra maternal. 

TODOS:

Virgem Santíssima, obrigado por Vos terdes associado tão intimamente à Paixão de Jesus. Ele caiu no caminho do Calvário para que nós nos pudéssemos levantar das nossas quedas. 

Vós que nunca tivestes a mais leve sombra de pecado e que sempre conservastes uma santidade imaculada ao longo da vossa vida, inspirai-nos um grande horror ao pecado lembrando-nos continuamente as quedas de Jesus no caminho do Calvário e o vosso sofrimento de Mãe ao sabê-lo assim prostrado por terra sem uma mão amiga que O ajudasse a levantar e sem uma boca que lhe dissesse uma palavra de carinho. 

V/ - Tende compaixão de nós, Senhor!

R/ - Tende compaixão de nós!

Pai-Nosso...

 

4.ª ESTAÇÃO

JESUS ENCONTRA A MÃE

V/ - Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Cristo

R/ - Que pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

1.º LEITOR:

Não foi certamente por acaso que a Tradição colocou na Via Sacra o encontro de Jesus com a Mãe logo após a primeira queda. Embora misturada com a multidão, Maria ousou furar por entre as pessoas para estar mais junto do seu Divino Filho. E consegui-o. Os soldados ficaram durante alguns instantes espantados com a valentia desta Mãe e, pelos seus corações duros, habituados à violência e ao horror das condenações, talvez tenha perpassado a lembrança de alguma cena de ternura das próprias mães. Entretanto, as pessoas mais próximas teriam comentado: É a Mãe de Jesus, do Profeta de Nazaré. E, na confusão daquele cortejo barulhento, houve uns momentos de silêncio respeitoso. Era o encontro da Mãe com o Filho condenado à morte. 

2.º LEITOR:

A tradição não registou nenhuma palavra de Maria ou de Jesus. Que terão dito um ao outro? Talvez apenas estas duas palavras: MÃE! FILHO! Tudo o resto terá sido apenas olhar, aquele olhar intraduzível que diz mais que longas conversas. Olhar e presença! Ela estava ali como estivera na fuga para o Egipto, na perda e encontro no templo ou na hora em que os parentes O julgavam fora de si. Ela estava ali, como em Caná da Galileia, a pedir-lhe que fizesse o milagre de transformar a água das nossas vidas tíbias no vinho generoso de uma doação a Deus. Mas esses momentos de doce enlevo durariam pouco. Não tardou a ouvir-se a voz forte de comando: afastem essa mulher lá para trás! Prossiga o cortejo!

TODOS:

Senhora encontrada com o vosso Divino Filho no caminho do Calvário, encontrai-Vos comigo na via sacra da minha vida, particularmente quando o caminho se torna mais penoso ou depois de qualquer queda. Preciso da vossa presença reconfortante e da vossa simpatia maternal para continuar a caminhar sem fraquejar. Mãe da Divina Graça, iluminai com a vossa presença os caminhos, por vezes obscuros, do meu dia a dia.

V/ - Tende compaixão de nós, Senhor!

R/ - Tende compaixão de nós!

Pai-Nosso...

 

5.ª ESTAÇÃO

SIMÃO DE CIRENE LEVA A CRUZ DE JESUS

V/ - Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Cristo

R/ - Que pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

1.º LEITOR:

Refere São Lucas: «Enquanto o conduziam, detiveram um certo Simão de Cirene, que voltava do campo, impuseram-lhe a cruz para que a carregasse atrás de Jesus». (Lc 23,26)

Esta cena posta logo depois do encontro com a Mãe pode ter levado alguns a pensar que se tratava de um acto de comiseração e piedade que viria, embora por instantes, aliviar um pouco a dor do coração de Maria. Mas a intenção era completamente diferente: o que eles pretendiam era que Jesus não sucumbisse na caminhada e que chegasse com vida ao Calvário para lhe aplicar um castigo exemplar por ter afirmado que era Filho de Deus.

2.º LEITOR:

Maria terá recordado essa cena de Jesus Menino carregando um cântaro de água, à vinda da fonte, para ajudar a mãe, ou então, já adulto, oferecendo-se para fazer tarefas mais exigentes para as suas forças de mulher. Porque aquilo que mais tarde ele havia de pregar sobre a atenção aos outros e sobre a caridade começou por praticá-lo em casa e na sua cidade de Nazaré. São Paulo explica o essencial da mensagem de Jesus quando escreve: levai os fardos uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo (Gal 6,2).

Maria Santíssima ao ver colocar a cruz sobre os ombros de Simão terá ela mesmo desejado carregar essa cruz, aliviando assim o Filho daquele peso como Ele, tantas vezes, a tinha aliviado da fadiga na humilde casa de Nazaré. Por outro lado terá olhado com amor e gratidão para aquele desconhecido que assim minorava o sofrimento de Jesus. O que se faz a um filho repercute-se sempre no coração da mãe.

TODOS:

Virgem Santíssima, concedei-nos a graça de, perante as cruzes da vida, saber aproveitar e testemunhar o amor que elas podem representar a Cristo. Ajudai-nos a não nos lastimarmos mas a alegrarmo-nos por levar a cruz com Jesus. Que, nesses momentos, sejamos capazes de sentir o vosso olhar amoroso poisar sobre nós como terá pousado sobre Simão de Cirene. Dai-nos a graça de sentir aquilo que esta estação nos ensina: todas as cruzes da vida podem ser a cruz de Cristo. Ele caminha sempre à nossa frente como caminhou à frente de Simão em direcção ao Calvário. 

V/ - Tende compaixão de nós, Senhor!

R/ - Tende compaixão de nós!

Pai-Nosso...

 

6.ª ESTAÇÃO

A VERÓNICA LIMPA O ROSTO DE JESUS 

V/ - Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Cristo

R/ - Que pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

1.º LEITOR:

Talvez estimulada pelo gesto de Maria ou pelo de Simão, uma mulher anónima do povo, de nome Verónica, ganhou coragem e, vencendo também a barreira dos soldados, demostrou o amor compadecido que lhe ia no coração: aproximou-se de Jesus e, sem dizer palavra, enxugou-lhe o rosto inundado de suor, sangue e pó. Foi um gesto atrevido e rápido porque os soldados afastaram-na logo bruscamente. Mas ela sentiu-se feliz por ter prestado esta pequena delicadeza ao Profeta condenado a morrer na cruz. E mais feliz ficou, quando as pessoas em alvoroço lhe disseram que o rosto de Jesus tinha ficado impresso naquele pano. Um pequeno gesto tinha-lhe valido uma grande recompensa. 

2.º LEITOR: 

Maria terá olhado para aquela mulher com sentimentos da maior gratidão. O seu gesto tinha sido inteiramente gratuito. O Meste não lhe pedira nada e os soldados não a tinham forçado como a Simão de Cirene. Foi um gesto espontâneo que brotou da ternura do seu coração de mulher. 

Ao olhar para aquele pano que retratava o rosto ensanguentado de Jesus quantas imagens não passaram pela mente da Santíssima Virgem: o menino no presépio, o adolescente, o jovem encantador, o adulto esforçado com o rosto coberto de suor na oficina de Nazaré. Tantas imagens belas e todas muito diferentes daquela imagem de dor. Maria terá recordado a profecia de Isaías: tão desfigurado estava que tinha perdido a aparência humana... não tinha graça nem beleza para atrair os nossos olhares (Is 52,14 e 54,2).

TODOS:

Virgem Santíssima, que contemplastes o rosto desfigurado do vosso Filho impresso no pano com que Verónica lhe enxugou o sangue e o suor, não permitais que eu desfigure o seu belo rosto em mim. Que eu, no que penso, digo, faço ou omito seja sempre uma transparência fiel desse Jesus que é o mais belo dos filhos dos homens. Que o meu rosto seja o rosto sereno de Cristo nas horas alegres, nas horas de provação ou nas horas de sofrimento. Ensinai-me também a olhar para Cristo e a descobrir o seu amor por mim particularmente durante a Paixão. 

V/ - Tende compaixão de nós, Senhor!

R/ - Tende compaixão de nós!

Pai-Nosso...

 

7.ª ESTAÇÃO

JESUS CAI PELA SEGUNDA VEZ

V/ - Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Cristo

R/ - Que pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

1.º LEITOR:

Após o encontro com o seu Divino Filho, Maria foi imediatamente afastada para o meio da multidão. A sua presença tornava-se incómoda para os soldados. Quem sabe se algum deles não iria comover-se perante aquela mãe dulcíssima que lhe despertaria talvez alguma lembraça do carinho da própria mãe. Por isso, era conveniente afastá-la para que, no seu silêncio e na sua dor, não reprovasse a atitude cruel daqueles homens de coração duro. Mas, a determinado momento, um sussurro perpassou pela multidão: caiu outra vez! a noticia correu célere de boca em boca. E chegou aos ouvidos de Maria. 

2.º LEITOR:

Não presenciando esta queda, Maria sofreu ainda mais no seu coração que logo se interrogaria: ter-se-ia magoado muito? Quem o teria empurrado? Alguem o ajudaria a levantar-se? 

A segunda queda de Jesus torna mais evidente a impiedade dos inimigos, o sofrimento de Jesus e da Mãe. Mas, adientando, de certo modo, o perdão de Jesus na cruz, Ela terá dito no íntimo de coração: perdoai-lhes, Senhor, porque eles não sabem o que estão a fazer!

TODOS:

Virgem Santíssima, ao meditar na segunda queda de Jesus, peço-Vos por tantas mães que recebem notícias preocupantes de filhos ausentes através de uma carta, de um telefonema, de um fax... O facto de estarem longe aumenta mais o seu sofrimento. Que terá realmente acontecido? Será que a mensagem traduz com fidelidade o facto relatado?

Por outro lado, quando alguém me contar que fui injustamente acusado, que houve que tudo fizesse para fazer cair por terra o meu bom nome e a minha reputação, fazei-me reagir com duçura à calúnia esquecendo-me do mal e, se possível, pagando-o com o bem e dando-lhe o meu perdão completo e definitivo. 

V/ - Tende compaixão de nós, Senhor!

R/ - Tende compaixão de nós!

Pai-Nosso...

 

8.ª ESTAÇÃO

PIEDOSAS MULHERES CHORAM POR JESUS

V/ - Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Cristo

R/ - Que pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

1.º LEITOR:

São Lucas diz-nos: « Seguia-O uma grande multidão do povo e mulheres que batiam no peito e se lamentavam.». Está provado que a capacidade de observação das mulheres é superior à dos homens. E a sua sensibilidade mais apurada.

Isto explica a reacção destas mulheres: tendo visto os sofrimentos de Jesus e de Maria não se contiveram sem manifestar a sua dor. Elas também tinham filhos e não gostariam de os ver naquela situação e de experimentar a dor daquela Mãe. Por isso terão lamentado tão alto crime que Jesus lhes respondeu: «Filhas de Jerusalém, não choreis sobre mim, chorai sobre vós mesmas e sobre os vossos filhos».

2.º LEITOR:

Aparentemente parece que Jesus recusou a piedade destas piedosas mulheres. Nada mais errado. O que Jesus quis dizer é que há quem sofra e faça sofrer sem sentido redentor, quem suba calvários não para fazer a vontade de Deus mas para satisfazer os instintos mais baixos ou porque incapaz de dizer não ao egoísmo ou a um vício... Ele mesmo subiu agora ao Calvário porque outros, espiritualmente chegados e débeis de vontade, arrastavam a vida por caminhos turtuosos e poeirentos. Talvez alguns filhos daquelas mulheres que se lamentavam estivessem também na origem dos sofrimentos físicos de Jesus. Mas o que realmente nos deve preocupar são as chagas espirituais, as cruzes sem redenção, a morte sem esperança de ressurreição.

TODOS:

Virgem Santíssima, ninguém melhor que Vós compreendeu a reacção das mulheres de Jerusalém e as palavras do vosso Filho. Ele falou das desgraças que se verificariam, dali a poucos anos, naquela cidade sobre a qual tinha chorado e que não tinha conhecido a sua visita. Habituada como estáveis a meditar em vosso coração as palavras de Jesus, teríeis descoberto todo o sentido daquele «chorai sobre vós mesmas e sobre os vossos filhos» e das expressões «Então dirão aos montes: caí sobre nós! E aos outeiros: cobri-nos! Porque se fazem isto ao lenho verde, que acontecerá ao seco!»

Ajudai-nos, Mãe Santíssima, a escutar atentamente a Palavra de Deus, a meditá-la no nosso coração, e a estar atentos aos acontecimentos e às moções que Deus, através deles, desperta no nosso coração.

V/ - Tende compaixão de nós, Senhor!

R/ - Tende compaixão de nós!

Pai-Nosso...

 

9.ª ESTAÇÃO

JESUS CAI PELA TERCEIRA VEZ

V/ - Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Cristo

R/ - Que pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

1.º LEITOR:

A multidão que seguia Jesus estanca de nova a caminhada lenta. E a explicação é transmitida de boca em boca: caiu novamente! Houve uma pausa no caminho porque Jesus se encontrava prostrado por terra. Um momento de reflexão. Mais um momento de amargura para Maria. Esta quada, mais penosa que as anteriores, também causou maior sofrimento a Maria. Ela adivinhava, como só as mães têm o dom de adivinhar, o esgotamento de Jesus e a dor de todas as feridas do seu corpo. Talvez, no meio daquele burburinho de meias palavras de ódio e de risos escarninhos, Ela tenha escutado as palavras desabridas dos soldados ou os gritos de: levanta-te! o calvário já está próximo!

2.º LEITOR:

Subindo ao Calvário juntamante com Jesus, sofrendo na sua alma as dores daquela Via Sacra redentora, Maria não coloca nenhum limite à sua generosidade. Aceita as injúrias, os risos escarninhos, os sofrimentos do Filho que se lhe cravavam como punhais na alma. Ela tinha dito SIM a Deus em Nazaré e continuava a dizê-lo nessa Sexta Feira Santa pelas ruas de Jerusalém. Com a mesma disponibilidade de coração. Sabendo que os planos de Deus são sempre surpreendentes e derrubam os nossos próprios projectos. 

TODOS:

Virgem Santíssima, dai-nos um coração sensível e generoso como o vosso para sentirmos a dor alheia e para sermos capazes de a oferecer, juntamente com a nossa própria dor. Que não seja o que os outros dizem ou pensam a impedir-nos de cumprir a vontade de Deus. Que no meio do sofrimento tenhamos a coragem de calar qualquer palavra de revolta unido a nossa dor à de Jesus no caminho do calvário das pequenas via-sacras da nossa vida: na vida familiar, no emprego, na relação com os outros, na diferença de opiniões... Que nunca julguemos excessivas as provas que passamos.

V/ - Tende compaixão de nós, Senhor!

R/ - Tende compaixão de nós!

Pai-Nosso...

 

10.ª ESTAÇÃO

JESUS É DESPIDO DAS SUAS VESTES

V/ - Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Cristo

R/ - Que pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

1.º LEITOR:

Após a terceira queda, Jesus levantou-se e seguiu cambaleando até ao Calvário. Se durante a caminhada, Ele tinha sido o centro de todas as atenções, ali muito mais. O Calvário era o palco público onde seria exemplarmente castigado Aquele «que se tinha feito Filho de Deus». Jesus com os dois condenados estava no lugar mais elevado. Ao redor, inimigos e amigos, tinham os olhos postos n´Ele. Antes de o crucificarem, despojaram-no brutalmente das suas vestes coladas ao corpo pelo sangue.

Maria assistiu a esta cena com horror. À dor física daquele despojamento, juntou-se a dor moral dessa suprema humilhação e atentado ao pudor.

2.º LEITOR:

Maria despojou-se da própria vontade na Anunciação quando aceitou ser Mãe do Verbo Incarnado, despojou-se da própria terra quando fugiu para o Egipto, despojou-se da companhia do Filho no início da vida pública. Agora despojava-se totalmente d´Ele ao vê-lo entregue aos poderes públicos e às mãos e soldados sem escrúpulos para ser crucificado. Ela tinha aprendido d´Ele este despojamento tantas vezes recomendado no evangelho: quem não se despojar dos seus bens e de si mesmo não pode ser meu discípulo. Ela sabia que Jesus tinha proclamado bem-aventurados os pobres de espírito, os que se despojam de tudo por amor do Reino dos Céus e que Ele próprio tinha dito de si mesmo que o Filho do homem não tinha uma pedra para reclinar a cabeça.

TODOS:

Maria Santíssima, nesta estação da Via Sacra, nos Vos pedimos a graça de nos despojarmos de muitas coisas que nos impedem de nos parecermos convosco e com Jesus. Vivemos num mundo cada vez mais apegado aos bens da terra em que o critério para julgar as pessoas é o ter e não o ser. Porque muitas vezes estamos vazios por dentro barricamo-nos por fora com imensas coisas em que colocamos a nossa segurança. E elas, longe de nos protegerem, só nos impedem de caminhar. 

Virgem pobre de Nazaré, quando Deus nos pedir qualquer despojamento que custe muito, dai-nos a graça de não recusarmos esse sacrifício. Que sintamos mais alegria em dar que em receber. Por amor do vosso Filho despojado no Calvário. 

V/ - Tende compaixão de nós, Senhor!

R/ - Tende compaixão de nós!

Pai-Nosso...

 

11.ª ESTAÇÃO

JESUS É CRUCIFICADO

V/ - Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Cristo

R/ - Que pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

1.º LEITOR:

Estendido sobre o madeiro, os verdugos pegam nas mãos e nos pés de Jesus e perfuram-nos com grandes cravos. Jesus contrai o seu olhar límpido e sereno acusando o grande sofrimento que o atormenta. Maria terá feito o mesmo. Aquela carne era a sua própria carne que estava a ser perfurada. Mas, como Jesus, Ela não diz uma palavra de revolta. Apenas algum «ai» ou algum suspiro terá brotado dos seus lábios maternos. Já o Profeta tinha anunciado: « ó vós todos que passais pelo caminho, parai e vede se há dor semelhante à minha dor.»

O silêncio de Maria no Calvário, unido ao silêncio de Jesus, foi a grande pregação que converteu muitos corações. Todos viam quanto os dois sofriam e, por isso, admiravam a serenidade do Filho e da Mãe. Algum segredo extraordinário havia ali para tal atitude.

2.º LEITOR:

Uma vez Jesus tinha proclamado na sua pregação: quem mete a mão ao arado e olha para trás não é digno de mim, isto é, quem é incumbido de uma missão e recua não é digno d´Ele. Porque Ele, como tinha dito o Profeta, não recuou um passo. Foi até ao fim por amor aos homens e pela nossa salvação. Maria, a primeira discípula, também não recuou. o Sim que tinha dito há trinta e três anos em Nazaré, manteve-se firme para sempre. Ela estava ali a pronunciá-lo no silêncio da sua presença. 

TODOS:

Virgem Santíssima, que tantas vezes apertastes aquelas mãos com carinho, que ensinastes aqueles pés a dar os primeiros passos, ajudai-nos a compreender a heroicidade do vosso sofrimento nesta hora. Dai-nos coragem para nos mantermos fiéis aos nossos compromissos principalmente quando eles exigem de nós maior valentia porque cercados pelo sofrimento.

Que mais que as palavras, fale por nós a nossa vida cristã. E que este testemunho de fidelidade, do silêncio heróico, leve alguns a interrogar-se sobre a razão da nossa esperança.

V/ - Tende compaixão de nós, Senhor!

R/ - Tende compaixão de nós!

Pai-Nosso...

 

12.ª ESTAÇÃO

JESUS MORRE NA CRUZ

V/ - Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Cristo

R/ - Que pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

1.º LEITOR:

Tendo crucificado Jesus, os algozes ergueram a cruz para o expor diante do olhar de todos. Aqui, ainda com mais verdade que João Baptista nas margens do Jordão, alguém o poderia ter apontado: Eis o cordeiro de Deus, eis aquele que tira o pecado do mundo. 

Nossa Senhora estava bem perto da cruz. Agora deixaram que Ela se aproximasse do Filho suspenso entre o Céu e a terra. A tradição gostou sempre de a representar, na pintura e na poesia, de olhos magoados serenemente postos em Jesus. Quem não conhece esse belíssimo poema «Stabat Mater»? «Estava a Mãe dolorosa Junto da cruz lacrimosa, Enquanto Jesus sofria. Uma longa e fria espada, Nessa hora atribulada O seu coração feria.»

2.º LEITOR:

As três horas de agonia de Jesus foram três horas de agonia de Maria. Ao contemplá-lo, Ela sentia no coração aquele tremendo sacrifício. E, como afirmam alguns autores, se não fosse uma particular graça de Deus, Ela teria morrido de dor aos pés da cruz. 

Maria escutou e compreendeu como ninguém todo o alcance das sete palavras de Jesus na cruz. Mas houve uma particularmente orientada para Si. Conta o Evangelista São João: «Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à mãe: «Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: "Eis aí a tua mãe". E dessa hora em diante o discípulo levou-a para sua casa.» (Jo 19, 26-27)

No alto do Calvário, nessa hora suprema da vida de Jesus, Maria é proclamada Mãe de todos os discípulos e a eles é confiado também o dever de velar por Ela. 

TODOS:

Virgem Santíssima, Senhora da Soledade, queremos agradecer-Vos o terdes aceitado esta vossa nova missão maternal. Ela é fruto não apenas do sacrifício do vosso Filho mas também do vosso sacrifício, da dolorosa Via Sacra que rasgou o vosso coração.

A exemplo de São João e seguindo a recomendação de Jesus, nós queremos ter-Vos na nossa casa e na nossa vida. Não apenas numa imagem inerte mas na presença do vosso exemplo vivificante. Cada um de nós reza como nos ensina a Igreja na liturgia: Mãos postas à vossa beira/ Saiba eu a vida inteira / Guiar por Vós os meus passos. - E quando a noite vier / Eu me sinta adormecer / No calor dos vossos braços.

V/ - Tende compaixão de nós, Senhor!

R/ - Tende compaixão de nós!

Pai-Nosso...

 

13.ª ESTAÇÃO

JESUS DESCIDO DA CRUZ E DEPOSTO NOS BRAÇOS DE SUA MÃE

V/ - Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Cristo

R/ - Que pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

1.º LEITOR:

Quando o pequeno grupo dos amigos de Jesus se certificou da sua morte, José de Arimateia foi, em nome de todos, à presença de Pilatos pedir o corpo do crucificado. A cena é evocada pela imaginação cristã na escultura de muitos calvários e na pintura de muitos quadros. José de Arimateia, coloca uma pequena escada encostada à cruz e, auxiliado por Nicodemos, arranca os cravos das mãos utilizando, ao mesmo tempo, um lençol, para deixar deslizar suavemente o corpo inerte.

Maria assiste ao descimento da cruz amparada por Madalena e por ouras piedosas mulheres. Foi um renovar de todas as suas dores, um recordar da história da sua vida que, durante trinta e três anos, se confundiu com a vida de Jesus. 

2.º LEITOR:

O corpo de Jesus descido da cruz é deposto nos braços de Maria que o contempla e beija emocionada. Ao olhar para aquelas chagas Ela terá recordado as palavras do profeta: pelas suas chagas fomos curados. Mas particularmente a emocionou a chaga do lado, aberta pelo soldado romano na direção do coração. Maria evocou a profecia de há trinta e três anos, quando Simeão, no dia da Apresentação no Templo, lhe disse: "Este menino está destinado a ser uma causa de queda e ressurgimento para muitos homens em Israel, e ser um sinal que provocará contradições, a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações. E uma espada de dor trespassará a tua alma". (Lc 2, 34-35) Ali estava o seu Filho que tinha sido morto precisamente por ter provocado contradições, ali estava Ela com a alma trespassada por sete espadas de dor, como gosta de a representar a piedade popular. 

TODOS:

Virgem Santíssima, Senhora das dores que atingem o cume neste momento, quantas veze Vós tinheis olhado enlevada para aquele rosto do "mais belo dos filhos dos homens" parecido com o vosso até fisicamente à custa de tanto o contemplar. Como ele estava horrivelmente desfigurado! Aquele rosto não era o de Jesus mas o do homem pecador. A lembrança das palavras de Jesus ditas à momentos "Mulher eis aí o teu filho!" (Jo 19,26)  fez-Vos naturalmente pensar nos outros filhos que Vos foram confiados, em todos nós, pecadores. Cada um de nós é esse filho desfigurado pela maldade e pelo pecado que Vós agora tendes nos braços.

Nesta décima terceira estação, nós Vos pedimos: Olhai com bondade e compaixão para todos nós. Ou como rezamos diariamente: Rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amen. 

V/ - Tende compaixão de nós, Senhor!

R/ - Tende compaixão de nós!

Pai-Nosso...

 

14.ª ESTAÇÃO

A SEPULTURA DE JESUS

V/ - Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Cristo

R/ - Que pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

1.º LEITOR:

Ungindo apressadamente o corpo de Jesus, (porque era a véspera de um Grande sábado) com perfumes de alto preço adquiridos por Nicodemos, formou-se um pequeno cortejo com alguns pequenos amigos e "as mulheres que tinham vindo com Jesus da Galileia" em direcção ao sepulcro de José de Arimateia "onde ainda ninguém tinha sido depositado". Este carinho dos amigos foi um pequeno lenitivo para a dor de Maria. O corpo de Jesus não fora atirado para a vala comum. Os amigos cercaram o seu sepultamento do máximo respeito e veneração. Nicodemos comprando cem libras de uma mistura de mirra e aloés e José de Arimateia doando-lhe o próprio sepulcro em que ninguém ainda tinha sido depositado. No funeral de Jesus tudo foi cercado de muita amizade, respeito e carinho. Maria, nessa hora de provação, sentiu o conforto da presença dedicada destas pessoas amigas. Seguindo o cadáver de Jesus até ao sepulcro, Ela continuava a repetir o Sim da Anunciação acreditando mais na palavra de Deus do que em tudo o que se estava a passar. 

2.º LEITOR:

Colocando o corpo no sepulcro e rolada a grande pedra, Maria, ao despedir-se, olhava saudosamente para trás, quase como quem não se conformava com a realidade de já não poder contemplar o rosto do Filho. Jesus tinha afirmado que ressuscitaria. Ela acreditava que voltaria a vê-lo mas não sabia como nem quando. Como os apóstolos também Ela, de certo modo, se interrogaria, sobre o que significava «ressuscitar dos mortos». (Mc 9,10).

TODOS:

Virgem Santíssima, vejo-Vos agora já na cidade de Jerusalém a celebrar a Páscoa desse ano de uma maneira especial. O cordeiro imolado que partilhastes, em casa de algum parente ou família amiga lembou-Vos as palavras do Profeta: Foi maltratado e resignou-se; não abriu a boca, como um cordeiro que se conduz ao matadouro, e uma ovelha muda nas mãos do tosquiador... Quem pensou em defender a sua causa, quando foi suprimido da terra dos vivos, morto pelos pecados do meu povo? (Is 53, 7-8) E, nessa noite, colocastes também a vossa imolação na Ceia Pascal que, para Vós, já era a Páscoa da Nova Aliança. 

V/ - Tende compaixão de nós, Senhor!

R/ - Tende compaixão de nós!

Pai-Nosso...

 

15.ª ESTAÇÃO

A RESSURREIÇÃO DE JESUS

V/ - Nós Vos adoramos e bendizemos, ó Cristo

R/ - Que pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

1.º LEITOR:

Maria passou o Grande Dia de Sábado mergulhada na dor e na esperança renovando o seu Sim à vontade de Deus. Sendo Mãe, justificar-se-ia mais que ninguém que estivesse ansiosa por ir ao túmulo. Mas não encontramos a sua presença nos relatos evangélicos. São Mateus diz-nos: «Depois do sábado, quando amanhecia, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o túmulo... O Anjo disse às mulheres: "não temais! Sei que procurais Jesus que foi crucificado. Não está aqui: ressuscitou, como disse."  

À primeira vista impressiona que Maria não esteja presente em qualquer das aparições de Jesus ressuscitado relatadas pelos evangelistas. Mas adivinha-se facilmente que a primeira aparição de Jesus Ressuscitado tenha sido à Mãe, como sempre acreditaram os cristãos e exprimiram diversos pintores. As aparições do Ressuscitado a Maria podem estar implícitas nesta frase de São João: «Jesus fez, na presença dos discípulos, ainda muitos outros milagres que não estão escritos neste livro» (Jo 20,30).

2.º LEITOR:

Em diversas aparições, Jesus ressuscitado censurou a incredulidade dos discípulos chamando-lhes "tardos de coração" e proclamando "felizes aqueles que acreditaram sem terem visto. Maria santíssima não estava neste número. A primeira bem-aventurança do evangelho diz respeito à sua fé e foi proclamada por Santa Isabel: «Bem-aventurada és tu que acreditaste, pois se hão-de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!» (Lc 1,45).

Por isso, Ela não precisava de aparições públicas para fortalecer a sua fé. As vezes em que Jesus lhe apareceu foram apenas para entrar num doce colóquio de intimidade com Ela ou para a iluminar e fortalecer na tarefa que lhe fora confiada de Mãe da Igreja. 

TODOS:

Virgem Santíssima, Mãe do Divino Ressuscitado, Refúgio dos pecadores e Auxílio dos cristãos, nós Vos pedimos a graça de viver como ressuscitados a nossa vocação baptismal. Que em nós se cumpra a palavra de São Paulo: «Uma vez que ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto, onde Cristo se encontra, sentado à direita de Deus, afeiçoai-vos às coisas do alto, não às coisas da terra». (Col 3, 1-2)

Dai-nos um ardente desejo do Céu pelas alegrias que experimentastes na ressurreição do vosso Divino Filho. Amen. 

Pelas intenções do Santo Padre: Pai-Nosso, Avé-Maria, Glória