Dogmas e Santíssima Trindade

Dogmas e Santíssima Trindade

 

Na Igreja Católica Romana, um dogma é uma verdade absoluta, definitiva, imutável, infalível, inquestionável e absolutamente segura sobre a qual não pode pairar nenhuma dúvida . Uma vez proclamado solenemente, nenhum dogma pode ser revogado ou negado, nem mesmo pelo Papa ou por decisão conciliar. Por isso, os dogmas constituem a base inalterável de toda a Doutrina católica e qualquer católico é obrigado a aderir, aceitar e acreditar nos dogmas de uma maneira irrevogável.

 

Os dogmas têm estas características porque os católicos romanos confiam que um dogma é uma verdade que está contida, implicita ou explicitamente, na imutável Revelação divina ou que tem com ela uma "conexão necessária". Para que estas verdades se tornem em dogmas, elas precisam ser propostas pela Igreja Católica diretamente à sua fé e à sua doutrina, através de uma definição solene e infalível pelo Supremo Magistério da Igreja (Papa ou Concílio ecuménico com o Papa) e do posterior ensinamento destas pelo Magistério ordinário da Igreja. Para que tal proclamação ou clarificação solene aconteça, são necessárias duas condições:

  • o sentido deve estar suficientemente manifestado como sendo uma autêntica verdade revelada por Deus;
  • a verdade ou doutrina em causa deve ser proposta e definida solenemente pela Igreja como sendo uma verdade revelada e uma parte integrante da fé católica.

Mas, "a definição dos dogmas ao longo da his­tó­­ria da Igreja não quer dizer que tais ver­dades só tardiamente tenham sido re­veladas, mas que se tornaram mais cla­ras e úteis para a Igreja na sua progres­são na fé". Por isso, a definição gradual dos dogmas não é contraditório com a crença católica de que a Revelação divina é inalterável, definitiva e imutável desde da ascensão de Jesus.

 

Os mais importantes dog­mas, que tratam de assuntos como a Santíssima Trindade e Jesus Cristo, "fo­ram definidos nos primeiros concílios ecuménicos; o Concílio Vaticano I foi o último a definir verdades dogmá­ti­cas (primado e infalibilidade do Papa)". As definições de dogmas "mais recentes estão a da Imaculada Conceição [...] (1854) e da Assunção de Nossa Senhora [...] (1950)".

 

Lista dos dogmas proclamados pela Igreja Católica

 

 

A Igreja Católica proclama a existência de muitos dogmas, sendo 43 o número dos principais. Eles estão subdivididos em 8 categorias diferentes:

  • Dogmas sobre Deus
  • Dogmas sobre Jesus Cristo
  • Dogmas sobre a criação do mundo
  • Dogmas sobre o ser humano
  • Dogmas marianos
  • Dogmas sobre o Papa e a Igreja
  • Dogmas sobre os sacramentos
  • Dogmas sobre as últimas coisas

Dogmas sobre Deus

 

1- A Existência de Deus

"A idéia de Deus não é inata em nós, mas temos a capacidade para conhecê-lo com facilidade, e de certo modo espontaneamente por meio de Sua obra."

 

2- A Existência de Deus como Objeto de Fé

"A existência de Deus não é apenas objeto do conhecimento da razão natural, mas também é objeto da fé sobrenatural."

 

3- A Unidade de Deus

"Não existe mais que um único Deus."

 

4- Deus é Eterno

"Deus não tem princípio nem fim."

 

5- Santíssima Trindade

"Em Deus há três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo; e cada uma delas possui a essência divina que é numericamente a mesma."

 

Dogmas sobre Jesus Cristo

 

6- Jesus Cristo é verdadeiro Deus e filho de Deus por essência

"O dogma diz que Jesus Cristo possui a infinita natureza divina com todas suas infinitas perfeições, por haver sido engendrado eternamente por Deus."

 

7- Jesus possui duas naturezas que não se transformam nem se misturam

"Cristo é possuidor de uma íntegra natureza divina e de uma íntegra natureza humana: a prova está nos milagres e no padecimento."

 

8- Cada uma das naturezas em Cristo possui uma própria vontade física e uma própria operação física

"Existem também duas vontades físicas e duas operações físicas de modo indivisível, de modo que não seja conversível, de modo inseparável e de modo não confuso."

 

9- Jesus Cristo, ainda que homem, é Filho natural de Deus.

"O Pai celestial quando chegou a plenitude, enviou aos homens seu Filho, Jesus Cristo."

 

10- Cristo imolou-se a si mesmo na cruz como verdadeiro e próprio sacrifício

"Cristo, por sua natureza humana, era ao mesmo tempo sacerdote e oferenda, mas por sua natureza Divina, juntamente com o Pai e o Espírito Santo, era o que recebia o sacrifício."

 

11- Cristo nos resgatou e reconciliou com Deus por meio do sacrifício de sua morte na cruz

"Jesus Cristo quis oferecer-se a si mesmo a Deus Pai, como sacrifício apresentado sobre a ara da cruz em sua morte, para conseguir para eles o eterno perdão."

 

12- Ao terceiro dia depois de sua morte, Cristo ressuscitou glorioso dentre os mortos

"ao terceiro dia, ressuscitado por sua própria virtude, se levantou do sepulcro."

 

13- Cristo subiu em corpo e alma aos céus e está sentado à direita de Deus Pai

"ressuscitou dentre os mortos e subiu ao céu em Corpo e Alma."

 

Dogmas sobre a criação do mundo

 

14- Tudo o que existe foi criado por Deus a partir do Nada

 

"A criação do mundo do nada, não apenas é uma verdade fundamental da revelação cristã, mas também que ao mesmo tempo chega a alcançá-la a razão com apenas suas forças naturais, baseando-se nos argumentos cosmológicos e sobretudo na argumento da contingência."

 

15- Caráter temporal do mundo

"O mundo teve princípio no tempo."

 

16- Conservação do mundo

"Deus conserva na existência a todas as coisas criadas."

 

Dogmas sobre o ser humano

 

17- O homem é formado por corpo material e alma espiritual

"O humano como comum constituída de corpo e alma."

 

18- O pecado de Adão se propaga a todos seus descendentes por geração, não por imitação

"Pecado, que é morte da alma, se propaga de Adão a todos seus descendentes por geração e não por imitação, e que é inerente a cada indivíduo."

 

19- O homem caído não pode redimir-se a si próprio

"Somente um ato livre por parte do amor divino poderia restaurar a ordem sobrenatural, destruída pelo pecado."

 

Dogmas marianos

 

20- A Imaculada Conceição de Maria.

"A Santíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua conceição, foi por singular graça e privilégio de Deus omnipotente em previsão dos méritos de Cristo Jesus, Salvador do gênero humano, preservada imune de toda mancha de culpa original."

 

21- A Perpétua Virgindade de Maria

"A Santíssima Virgem Maria é virgem antes, durante e depois do parto de seu Divino Filho, sendo mantida assim por Deus até a sua gloriosa Assunção."

 

22- Maria, Mãe de Deus

"Maria, como uma virgem perpétua, gerara a Cristo segundo a natureza humana, mas quem dela nasce, ou seja, o sujeito nascido não tem uma natureza humana, mas sim o suposto divino que a sustenta, ou seja, o Verbo. Daí que o Filho de Maria é propriamente o Verbo que subsiste na natureza humana; então Maria é verdadeira Mãe de Deus, posto que o Verbo é Deus. Cristo: Verdadeiro Deus e Verdadeiro Homem."

 

23- A Assunção de Maria

"A Virgem Maria foi assumpta ao céu imediatamente depois que acabou sua vida terrena; seu Corpo não sofreu nenhuma corrupção como sucederá com todos os homens que ressuscitarão até o final dos tempos, passando pela decomposição."

 

Dogmas sobre o Papa e a Igreja

 

24-A Igreja foi fundada pelo Deus e Homem, Jesus Cristo

"Cristo fundou a Igreja, que Ele estabeleceu os fundamentos substanciais da mesma, no tocante a doutrina, culto e constituição."

 

25- Cristo constituiu o Apóstolo São Pedro como primeiro entre os Apóstolos e como cabeça visível de toda Igreja, conferindo-lhe imediata e pessoalmente o primado da jurisdição

"O Romano Pontífice é o sucessor do bem-aventurado Pedro e tem o primado sobre todo rebanho."

 

26- O Papa possui o pleno e supremo poder de jurisdição sobre toda Igreja, não somente em coisas de fé e costumes, mas também na disciplina e governo da Igreja

"Conforme esta declaração, o poder do Papa é: de jurisdição, universal, supremo, pleno, ordinário, episcopal, imediato."

 

27- O Papa é infalível sempre que se pronuncia ex cathedra.

"Para compreender este dogma, convém ter na lembrança: Sujeito da infalibilidade papal é todo o Papa legítimo, em sua qualidade de sucessor de Pedro e não outras pessoas ou organismos (ex.: congregações pontificais) a quem o Papa confere parte de sua autoridade magistral." O objeto da infalibilidade são as verdades de fé e costumes, reveladas ou em íntima conexão com a revelação divina. A condição da infalibilidade é que o Papa pronuncie ex catedra e só quando pronuncia "ex catedra". - Que fale como pastor e mestre de todos os fiéis fazendo uso de sua suprema autoridade. - Que tenha a intenção de definir alguma doutrina de fé ou costume para que seja acreditada por todos os fiéis. As encíclicas pontificais não são definições ex catedra, mas também não podem estar em contradição com o Magistério Ordinário Universal. A razão da infalibilidade é a assistência sobrenatural do Espírito Santo, que preserva o supremo mestre da Igreja de todo erro. A conseqüência da infalibilidade é que a definição ex catedra dos Papas sejam por si mesmas irreformáveis, sem a intervenção ulterior de qualquer autoridade."

 

28- A Igreja é infalível quando faz definição em matéria de fé e costumes

"Estão sujeitos à infalibilidade: - O Papa, quando fala ex catedra.- O episcopado pleno, com o Papa, que é a cabeça do episcopado, é infalível quando reunido em concílio ecuménico ou disperso pelo rebanho da terra, ensina e promove uma verdade de fé ou de costumes que sempre foi ensinada pela Igreja.

 

Dogmas sobre os sacramentos

 

29- O Batismo é verdadeiro Sacramento instituído por Jesus Cristo

"Foi dado todo poder no céu e na terra; ide então e ensinai todas as pessoas, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo."

 

30- A Confirmação é verdadeiro e próprio Sacramento

"Este Sacramento concede aos batizados a fortaleza do Espírito Santo para que se consolidem interiormente em sua vida sobrenatural e confessem exteriormente com valentia sua fé em Jesus Cristo."

 

31- A Igreja recebeu de Cristo o poder de perdoar os pecados cometidos após o Batismo

"Foi comunicada aos Apóstolos e a seus legítimos sucessores o poder de perdoar e de reter os pecados para reconciliar aos fiéis caídos depois do Batismo."

 

32- A Confissão Sacramental dos pecados está prescrita por Direito Divino e é necessária para a salvação

"Basta indicar a culpa da consciência apenas aos sacerdotes mediante confissão secreta."

 

33- A Eucaristia é verdadeiro Sacramento instituído por Cristo

"Aquele que come Minha Carne e bebe Meu Sangue tem a vida eterna."

 

34- Cristo está presente no sacramento do altar pela Transubstanciação de toda a substância do pão em seu corpo e toda substância do vinho em seu sangue

"Transubstanciação é uma conversão no sentido passivo; é o trânsito de uma coisa a outra. Cessam as substâncias de Pão e Vinho, pois sucedem em seus lugares o Corpo e o Sangue de Cristo. A Transubstanciação é uma conversão milagrosa e singular diferente das conversões naturais, porque não apenas a matéria como também a forma do pão e do vinho são convertidas; apenas os acidentes permanecem sem mudar: continuamos vendo o pão e o vinho, mas substancialmente já não o são, porque neles está realmente o Corpo, o Sangue, Alma e Divindade de Cristo."

 

35- A Unção dos enfermos é verdadeiro e próprio Sacramento instituído por Cristo

"Existe algum enfermo entre nós? Façamos a unção do mesmo em nome do Senhor."

 

36- A Ordem é verdadeiro e próprio Sacramento instituído por Cristo

"Existe uma hierarquia instituída por ordenação Divina, que consta de Bispos, Presbíteros e Diáconos."

 

37- O matrimónio é verdadeiro e próprio Sacramento

"Cristo restaurou o matrimónio instituído e bendito por Deus, fazendo que recobrasse seu primitivo ideal da unidade e indissolubilidade e elevando-o a dignidade de Sacramento."

 

Dogmas sobre as últimas coisas

 

38-A Morte e sua origem

"A morte, na atual ordem de salvação, é consequência primitiva do pecado."

 

39- O Céu (Paraíso)

"As almas dos justos que no instante da morte se acham livres de toda culpa e pena de pecado entram no céu."

 

40- O Inferno

"O inferno é uma possibilidade graças a nossa liberdade. Deus nos fez livres para amá-lo ou para rejeitá-lo. Se o céu pode ser representado como uma grande ciranda onde todos vivem em plena comunhão entre si e com Deus, o inferno pode ser visto como solidão, divisão e ausência do amor que gera e mantém a vida. Deve-se salientar que a vontade de Deus é a vida e não a morte de quem quer que seja. Jesus veio para salvar e não para condenar. No limite, Deus não condena ninguém ao inferno. É a nossa opção fundamental, que vai se formando ao longo de toda vida, pelas nossos pensamentos, atos e omissões, que confirma ou não o desejo de estar com Deus para sempre. De qualquer forma, não se pode usar o inferno para convencer as pessoas a acreditar em Deus ou a viver a fé. Isso favorece a criação de uma religiosidade infantil e puramente exterior. Deve-se privilegiar o amor e não o temor. Só o amor move os corações e nos faz adorar a Deus e amar o próximo em espirito e vida."

 

41- O Purgatório

"As almas dos justos que no instante da morte estão agravadas por pecados veniais ou por penas temporais devidas pelo pecado vão ao purgatório. O purgatório é estado de purificação."

 

42- O Fim do mundo e a Segunda vinda de Cristo

"No fim do mundo, Cristo, rodeado de majestade, virá de novo para julgar os homens."

 

43- A Ressurreição dos Mortos no Último Dia

"Aos que crêem em Jesus e comem de Seu corpo e bebem de Seu sangue, Ele lhes promete a ressurreição."

 

44- O Juízo Universal

"Cristo, depois de seu retorno, julgará a todos os homens."

 

fonte: wikipedia