NOVENA A SÃO BARTOLOMEU DOS MÁRTIRES

NOVENA A SÃO BARTOLOMEU DOS MÁRTIRES
Todas as graças recebidas por intercessão do Beato Bartolomeu devem ser comunicadas ao:
Secretariado Nacional do Rosário
Rua de São Domingos, s/n 2495-431 Fátima
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PARA ANTES DA LEITURA
Oração ao Beato Bartolomeu
Senhor, os olhos da minha alma estão cegos, porque não vejo o que é bem e o que é mal. Os falsos bens deste mundo me parecem verdeiros e grandes, e os verdadeiros do outro não estimo nem desejo com eficácia e, por isso, alumiai meus olhos para que veja as coisas como elas são: as vãs como vãs e as verdadeiras como verdadeiras, para que desprezando as vãs e amando as verdadeiras, mereça chegar à luz eterna. Ámen
LER A LEITURA DO DIA (Extraídas do Catecismo do Beato Bartolomeu)
Senhor Jesus, Bom Pastor, com infinita caridade e humildade lavastes os pés aos vossos discípulos na Última Ceia, dando-lhes o exemplo e mandando-os que aprendessem de Vós e fizessem o mesmo aos homens, seus irmãos; Vós que comunicastes essa mesma humildade e ardente caridade ao vosso fiel servo Beato Bartolomeu dos Mártires, especialmente para com os pobres e aflitos, e o animastes a percorrer incansavelmente montes e vales da vastíssima arquidiocese de Braga, para salvação da sua grei, concedei-me (-nos) a graça... (mencionar o pedido) que vos peço (pedimos) para a sua canonização, a fim de que também o seu exemplo nos estimule à caridade e a sua intercessão nos obtenha o dom de alcançarmos o vosso Reino. Vós que sois Deus com o Pai, na unidade do Espírito Santo. Ámen.
Em vez da oração anterior, pode dizer-se a seguinte:
Senhor Jesus, Bom Pastor, que tornastes o vosso fiel servo Beato Bartolomeu dos Mártires tão heróico no zelo pela salvação das almas e na caridade para com os necessitados, por sua intercessão e para a sua canonização, concedei-me (-nos) a graça... (mencionar o pedido) que vos pedimos. Vós que sois Deus com o Pai, na unidade do Espírito Santo. Ámen.
REZAR PELAS INTENÇÕES DO SANTO PADRE:
Pai-Nosso, Avé-Maria e Glória ao Pai
Ó Pai do Céu, pelos doces nomes de Jesus e de Maria e por intercessão do vosso fiel servo Beato Bartolomeu dos Mártires, ajudai-me (-nos) nesta necessidade e não permitais que seja confundida a minha (nossa) esperança!
O Senhor nos abençoe, nos livre de todo o mal e nos conduza à vida eterna. Ámen. 
 
 
PRIMEIRO DIA
IMITAÇÃO DOS SANTOS
 
Imitemos os santos, aqueles que esgalham as árvores e, com os ramos na mão, glorificam o Senhor. Lancemos mão dos ramos dos seus exemplos e excelentes obras de virtude, para seguir-mos a Cristo. 
 
Uns são comparados a oliveiras carregadas de azeitona, isto é, resplandecem pela caridade e misericórdia. Nós, pecadores, colhemos estes ramos quando cumprimos as obras de misericórdia, conforme as nossas possibilidades. 
Outros são comparados a palmeiras que conservam perpétua verdura e nunca perdem a folha; assim eles conservam a verdura da castidade, e são constantes nas virtudes. E assim como a palmeira no alto é larga e, no pé, estreita, assim eles alargam os seus corações para as coisas celestiais e eternas, e das coisas da terra pouco se ocupam, apertando-se e estritando-se no uso delas. E quando nisto os imitamos, colhemos ramos de palma para honrar ao Senhor. 
 
Outros santos são comparados aos ciprestes que, mui direita e altamente, se levantam ao céu. E, por isso, com razão os devotos e contemplativos das grandezas de Deus e mistérios divinos são representados por ciprestes, e nós, baixos e terrestres, não podemos voar tão alto; todavia, de alguma maneira, os imitamos, colhendo os seus ramos, quando fazemos alguma oração devota e nos ocupamos em meditar e considerar a Paixão e os outros mistérios do nosso Redentor.
 
E, finalmente, quando nos ocupamos em louvar e dar graças a Deus de todo o coração, por seus infinitos benefícios, fazemos o ofício daqueles que, com grandes clamores, diziam: Bendito o que vem em nome do Senhor! Assim nós, fazendo pouco caso da vida e saúde do nosso corpo, peçamos e procuremos, continuamente, eterna saúde e salvação da alma. 
 
SEGUNDO DIA
DIGNIDADE E EXCELÊNCIA DA FÉ 
A sabedoria e  justiça cristãs brotam daquelas três principais virtudes que se chamam teologais ou divinas: Fé, Esperança e Caridade. E assim toda a doutrina cristã consiste na prática destas. 
No Credo se exercita a fé, porque nele expressamente se contêm as verdades que somos obrigados a crer. No Pai-Nosso se exercita a esperança, porque nele pedimos todas as coisas que devemos esperar e desejar. Nos mandamentos do Décalogo se exercita a caridade, porque todos eles se reduzem aos dois principais mandamentos: amor a Deus e e do próximo. 
É bem manifesto que a excelência e preeminência que o homem tem sobre todos os animais e criaturas corporais, consiste em que só ele pode conhecer, honrar e amar a Deus. E, por isso, aquilo a que, acima de tudo, Deus e a mesma natureza nos inclina e obriga, é procurar alcançar verdadeiro conhecimento e amor de Deus. Se isto o homem não tiver, que resta senão dizer-lhe aquilo que Deus dele disse: «Se o homem não reconhece a honra da sua tão excelente natureza, fica comparado ás bestas irracionais, e feito semelhante a elas?»
E se, porventura, tivesse algumas outras virtudes, sem o tal verdadeiro conhecimento de Deus, tanto lhe aproveitariam como aproveitam os outros membros do corpo sem a cabeça.
 
Tal conhecimento só o possui quem tem a luz da fé, porque só esta descobre as verdades que se hão-de conhecer e crer acerca de Deus. E toda a alma na qual esta luz não resplandece, vive em cegueira e trevas, não sabe para onde caminha e não pode fazer nada que agrade a Deus. É, pois, muito de lamentar que nós, cristãos, que possuímos esta luz, não a agradeçamos quanto e como devíamos. 
 
Lembremo-nos, portanto, de agradecer frequentemente a Deus, de todo o coração, ter-nos enriquecido com a sua maravilhosa luz, tornado participantes dos sacramentos, dado a conhecer os tesouros da sua misericórdia e prometer-nos herança e riquezas eternas.
 
 
TERCEIRO DIA 
NATUREZA DA FÉ
 
Em que consiste a essência da nossa fé? Diz-nos São Paulo que a fé consiste em crer que Jesus Cristo crucificado é natural e único Filho de Deus, o qual, para nossa salvação, se fez homem no seio puríssimo da Virgem Maria, se entregou a Si mesmo para nos redimir e, com o seu Sangue, nos lavou de nossos pecados. E, sendo nós inimigos de Deus e dignos de condenação, devido ao nosso nascimento natural, Ele nos reconciliou com o Pai, entregando-se à morte pelos nossos pecados e ressuscitando para nossa justificação.
 
Estando nós mortos por causa das nossas culpas e pelo pecado original com que nascemos e herdámos de Adão, nosso primeiro pai, Ele, em virtude do seu Sangue, restituiu-nos a vida espiritual da alma, dando-nos a sua graça, mediante os sacramentos. Da sua Paixão e morte e dos seus méritos recebem todo o seu valor as nossas obras e penitências. Por conseguinte, é essencial que, neste mundo, estejamos unidos à nossa Cabeça, Jesus Cristo, pela fé viva, esperança firme e caridade de coração puro. 
 
Esta é a substância do que cremos, nisto estriba e está apoiada toda a nossa esperança e confiança: aqui há-de estar o nosso amor. Isto é o que continuamente havemos de pedir ao Senhor, dizendo com coração humilde: Ó eterno e poderoso Deus e Pai celestial, não me julgueis pelo valor das minhas obras enquanto minhas. Alego por mim somente as obras de vosso Filho. Ponho diante de Vós, entre a vossa justiça e os meus pecados, como meus, os seus méritos, porque, para Si, não tinha necessidade deles. Só por Ele posso fazer obras aceitas e meritórias diante de Vós. Fez-me seu membro e irmão para partilhar comigo a sua glória e bem-aventurança. 
 
QUARTO DIA
EXERCÍCIO DA ESPERANÇA
 
Detenhamo-nos, por breves momentos, na segunda virtude teologal, a Esperança, começando por uma breve explicação do Pai-Nosso, na qual exercitamos a nossa esperança. Nela pedimos ao Senhor tudo quanto d´Ele licitamente podemos esperar e desejar. É, por isso, oração perfeitíssima e superior a qualquer outra feita a Deus, porque nada se Lhe pode pedir que nela não esteja contido e não se peça. 
Contém esta santíssima oração sete petições, antes das quais endereçamos o coração ao nosso Deus e Senhor, invocando-O e dizendo-Lhe: Pai-Nosso, que estais nos Céus, começando por chamar-Lhe Pai. Oh grande dignidade dos cristãos! Oh grande benignidade de Deus, que nos aceita por filhos, que não desdenha que Lhe chamemos Pai! Quem se atreveria chamar-Lhe Pai se Ele não dera licença, se Ele o não mandara?! Isto nos obriga a viver como filhos de tal Pai e a trabalhar por nos parecermos cada vez mais com Ele, para que assim se honre Ele de nos ter por filhos, como nós de O termos por Pai. 
 
Dizemos Pai nosso e não meu, porque o Senhor não quer que alguém ore por si só, dizendo: Pai meu, mas sim: Pai nosso. Nem quer que digamos: Dai-me o pão meu, mas sim: o nosso. Nem: perdoai-me os meus pecados, mas sim: os nossos.
E cada um de nós roga por todos, e todos rogam por cada um, para que, desta maneira, mostremos que somos um só n`Ele, com uma só fé, esperança e caridade. Não pode tratar a Deus por Pai nosso aquele que a outro cristão não tem por irmão.
 
Depois de dizermos Pai-Nosso, acrescentamos: que estais nos Céus. Visto que o nosso Pai está nos Céus, ainda que nós estejamos na terra, ponhamos no Céu tudo o que lá podemos pôr: os corações, os pensamentos, os desejos, o amor. Esteja o nosso coração onde está o nosso tesouro, estejam os filhos onde está o Pai. E já que o Pai é celeste, não sejam os filhos de todo terrestres. 
 
QUINTO DIA
EXCELÊNCIA DA CARIDADE SOBRE TODAS AS VIRTUDES
 
Em crer, esperar, amar e fazer consiste toda a santidade cristã. A fé e a esperança sem caridade e obras ficam mortas e não limpam nem santificam a alma, nem têm valor algum diante de Deus. É necessário, pois, que na alma resplandeçam todas as três juntamente: fé, esperança  e caridade; doutra forma não pode haver salvação.
As obras que a caridade nos leva a praticar estão contidas nos Mandamentos que Deus nos deu. E, destes, o principal é o da caridade. Esta é o resumo de toda a Lei. Nela se encerra tudo quanto Deus mandou, e tudo mandou por amor dela; e quem a tem, tudo tem; e quem a não tem, nada tem, nada lhe aproveita quanto tem. 
É a caridade que torna o jugo do Senhor suave e leve; sem ela, de nada vale qualquer outra virtude. Ela é o cumprimento da Lei, o vínculo da perfeição, o caminho pelo qual Deus desceu dos Céus e veio aos homens. E só ela é também o caminho por onde os homens hão-de subir aos Céus. Deste vale de lágrimas para o lugar onde está Cristo, não há outro caminho senão o da caridade. Só ela mata todos os pecados, só ela vence todas as tentações, só ela cumpre todos os Mandamentos, exercita todas as virtudes e faz doces todos os trabalhos; só ela diferencia os filhos da salvação dos filhos da eterna perdição. 
A caridade, rainha de todas as virtudes, contém em si dois preceitos: um do amor de Deus e outro do amor ao próximo. Amar o Senhor de todo o coração e com todas as forças da nossa alma, não é outra coisa senão antepô-l`O a tudo, prezá-l`O e estimá-l`O mais que todas as coisas deste mundo e que nós mesmos; mais até que a nossa própria vida, estando prontos a tudo perder antes que ofendê-l`O, transgredindo algum dos mandamentos. 
Apliquemos, portanto, todas as forças da alma e do corpo em amar ao Senhor, porque, procedendo desta forma, facilmente venceremos todos os afectos carnais e cumpriremos com alegria todos os Mandamentos, assegurando, assim, a salvação e glória eternas. 
 
SEXTO DIA
A SOLENÍSSIMA FESTA DA PÁSCOA
 
Eis-nos na santíssima festa da Páscoa da Ressurreição do Senhor, festa que, com toda a razão, nos deve entusiasmar e alegrar mais que todas as outras, porque nela, quer da parte do Senhor quer da nossa, abundam os motivos de alegria e consolação. 
Tudo quanto nesta festa vemos nos consola sem qualquer sombra de tristeza, tanto no que a Deus respeita como a nós. Com olhos de fé vemo-l`O levantar-se do sepulcro, ressuscitando em carne imortal e impassível, seguro de nunca mais morrer ou padecer, triunfando da morte e do inferno. 
E também no que a nós diz respeito, tudo o que n´Ele vemos confirma as nossas esperanças e dilata os nossos corações com alegria e prazer, porque n´Ele vemos a glória que hão-de alcançar os filhos de Deus, e o bem-aventurado estado de vida que esperamos no dia da ressurreição geral. Ó irmãos, há alguém que não deseje que o seu corpo alcance estas glórias, estes dotes e perfeições?
 
Ordenou Deus, porém, que ninguém alcance a bem-aventurança, seja da alma seja do corpo, sem trabalhos e merecimentos. Por isso nesta solenidade, em que nos é proposta a imagem e amostra da nossa gloriosa ressurreição, a santa Igreja, nossa mãe, apresenta-nos uma receita do grande médico São Paulo, que, em breves palavras, nos revela o que devemos fazer para chegar à glória da ressurreição, dizendo-nos:
«Irmãos, se quereis ressuscitar gloriosamente, retirai da vossa alma todo o fermento velho, limpando-a de toda a malícia, ódio, rancor, inveja e de qualquer outra corrupção e podridão espiritual, para que fiqueis como uma massa ázima, fresca e limpa. Tende bem presente que só Jesus Cristo é o nosso Cordeiro Pascal, que por nós foi sacrificado no altar da Cruz, e que, como fonte de toda a limpeza e santidade que é, não mora senão em almas limpas.»
Portanto, irmãos, se queremos chegar à glória da bem-aventuranda ressurreição, sigamos o conselho do Apóstolo Paulo. 
 
SÉTIMO DIA 
A NOSSA CABEÇA ESTÁ NOS CÉUS
 
Estavamos neste mundo cativos e presos com os grilhões do pecado e afectos carnais; não suspirávamos nem tínhamos saudade dos bens celestiais. Por isso não podia haver meio mais eficaz para libertar os nossos corações destas cadeias e para elevar os nossos desejos e amores ao Céu do que o Senhor colocar nele a sua sagrada Humanidade. 
Coragem, irmãos! Não se separem da cabeça os membros. Uma vez que professamos que a nossa Cabeça está nos Céus, estejam com ela os membros unidos e pegados pela fé, esperança e caridade. Depois da morte, não se juntarão com a Cabeça, na glória, os membros que neste mundo morreram separados dela. 
Subiu o Senhor para nos preparar lugar e aposento e para nos ir abrindo o caminho, como o tinha dito o profeta Miqueias. Por conseguinte, da nossa parte, só falta trilhar o caminho que nos mostrou e desejar chegar ao lugar onde Ele se instalou. Esteja o nosso coração onde está o nosso tesouro; se o corpo está na terra, a alma que é águia de Deus, voa para junto de d`Ele. 
 
E não lhe faltam asas, como diz Santo Agostinho, porque para isso te deram inteligência e vontade; para isso te deram fé e amor, e para isso te deram os dois preceitos de amor de Deus e do próximo, para que, com duas asas, voasses até Ele. 
Ânimo, pois! Em quaisquer pedras de penas e tribulações de que te sentires ferido, levanta os olhos da alma ao Céu, vê Aquele que está à direita do Pai, e regozija-te confiando n`Ele e considerando que nao subiu a tão alto lugar senão depois de muito apedrejado neste mundo, como Ele próprio o disse: «Foi necessário Cristo padecer muitos tormentos e assim subir à sua glória.»
Consola-te também com estas palavras de São João: «Temos, diante do Pai Eterno, um advogado, Nosso Senhor Jesus Cristo, que, enquanto homem, intercede por nós, tanto para nos alcançar perdão de nossos pecados, como para nos alcançar vitória em nossas tentações.»
 
OITAVO DIA 
SANTÍSSIMO SACRAMENTO DA EUCARISTIA
 
Este é o principal e mais excelente de todos os sacramentos, porque nos outros está somente o poder de Nosso Senhor Jesus Cristo, mas, neste, não somente o poder, mas Ele mesmo, real e substâncialmente, Deus e homem verdadeiro, fonte de todas as graças e bens. 
 
A nós não nos é dado descobrir como o Senhor faz esta maravilha tão grande, e como, ditas pelo sacerdote aquelas divinas palavras que Ele ordenou, a substância do pão e do vinho se mudam e transubstanciam em seu verdadeiro Corpo e seu verdadeiro Sangue. 
A nós só nos compete maravilhar-nos, amar  e agradecer tão grande benefício, tão imcompreensível dom, tão infinito amor que O obrigou e forçou a dar-nos a sua Carne  e Sangue em alimento das nossas almas, tal como no-la havia dado em redenção e preço por elas no tormento da Cruz. E, por isso, o que sobretudo quer de nós é que aproveitemos muitas vezes este tesouro,  gozemos deste convite, nos preparemos muitas vezes para receber o seu satíssimo e preciosíssimo Corpo. 
 
Desejamos vida? Este Sacramento é a fonte da vida. Desejamos fogo de amor de Deus? Este é fogo infinito. Queremos consolações espirituais? Esta é a fonte de deleitos eternos. Queremos perdão dos nossos pecados? Este é o 'Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo'. Somos fracos nas tentações e desejamos vitória? Este é o Senhor das vitórias e Deus todo-poderoso. 
Mas, irmãos, niguém comungue indignamente. Antes de atender este celestial convite, examine com cuidado a sua consciência e, sinceramente arrependido de seus pecados, peça deles perdão. E, assim preparado, receba o Corpo do Senhor com aquela fé e confiança que teria de alcançar perdão de seus pecados, se O visse, com os olhos do corpo, estar na Cruz por si, e convidá-lo ao perdão dos pecados e a participar dos méritos do seu Sangue. 
 
NONO DIA
ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA
 
Nesta festa celebramos o glorioso dia em que a Rainha dos Céus deixou este desterro e foi tomar posse do Reino celestial. Levada deste mundo indigno de tão precioso tesouro, foi convidada a reinar sobre os Anjos e a receber prémio digno de suas altíssimas virtudes. 
Recebe de Deus, seu Filho, as glórias e honras que convinha tal mãe de tal Filho receber; este Filho que, mais que todos os outros, cumpriu o mandamento que dera aos homens de honrar pai e mãe.
E, se bem que a Virgem, naturalmente, morreu (como também seu Filho) e a sua santíssima alma foi realmente separada do corpo, e no mesmo instante bem-aventurada, todavia, foi logo ressuscitada em corpo e alma por seu Filho. Deste modo, foi glorificada e exaltada, tanto no corpo como na alma, sobre todos os coros dos Anjos. 
Nela se juntaram todo o fervor e esplendor dos santos contemplativos e dos de vida activa. Isto revela-nos a grandeza da Santíssima Virgem e, ao mesmo tempo, ensina-nos o caminho da salvação. Na verdade, daqui aprendemos que, se nos queremos salvar, é necessário abraçar uma destas vidas e ocupações, ou um pouco de cada uma. 
A vida activa consiste no exercício das obras de misericórdia, quer corporais quer espirituais, socorrendo os famintos, vestindo os nus, servindo os doentes, corrigindo os faltosos, ensinando e aconselhando os ignorantes, consolando os tristes. Mas antes de ser misericordioso com os outros, é preciso sê-lo consigo mesmo, corrigindo a sua vida, curando as chagas da sua alma e vencendo as más inclinações. 
A vida contemplativa é daqueles que, embora tenham grande amor ao próximo, recolhidos consigo sós, passam a vida em contemplação das coisas eternas e desejando verem já o seu amado Senhor. 
Não havendo mais que estes dois caminhos que levem ao Céu, empreendamos algum deles, ou andemos um pouco por cada um deles, a fim de perpetuamente morarmos na companhia da nossa Mãe celeste, no lugar para onde ela passou. 
 
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COMPLEMENTO:
 
COMO SE HÁ-DE FAZER ORAÇÃO
Entende agora que coisa é Orar: não é mover os lábios, não é dar vozes sem atenção e afeição do coração. Orar é falar com Deus, com o qual, porque é espírito, melhor falamos com o espírito que com a boca. E, por isso, esforça-te diligentemente por, quando dizes alguma oração com a boca, dizeres também com a alma o que diz a boca...
Que coisa é Oração senão uma elevação da alma a Deus e um ardente oferecimento de seus desejos diante de Sua Majestade? E, portanto, sempre que oras tens desejos piedosos; nunca oras se nunca os tens, ainda que, com os lábios, pronuncies alguma oração...
É também necessário que a Oração seja baseada e proceda da fé, de esperança e de caridade, isto é, de fé, crendo firmissimamente que Deus é suma bondade, fonte de todos os bens,  e a Ele se hão-de pedir todos. 
Também há-de nascer de esperança e confiança, confiando mui firmemente que aquela Suma Bondade está desejosa de nos fazer todas as mercês necessárias para a nossa salvação eterna, se nós, de coração, as desejamos. Nos milagres que fazia, costumava dizer muitas vezes aos que recebiam benefícios milagrosos: - Por vossa fé e confiança recebestes este benefício.
Peçamos, portanto, com confiança firme, apoiada nos méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo e em seu Nome. Pedindo, alcançaremos coisas necessárias e proveitosas para a nossa salvação. 
A Oração há-de proceder também de amor fervente, porque as grandes merçês não as faz o Senhor senão aos que O amam, como diz Isaías. 
Tem de ser fundada também em humildade, isto é, em claro reconhecimento das tuas faltas e necessidades espirituais. Porque, quem não vê o que lhe falta, qum não enxerga a sua pobreza espiritual, como poderá pedir ao Senhor riqueza?...
E, por isso, foi aceita a oração do Publicano e reprovada a do Fariseu, porque o Publicano viu e descobriu os seus abcessos espirituais diante do Médico eterno e, cheio de confusão e vergonha, com os olhos no chão, dizia - Deus, tem misericórdia de mim, pecador. E o Fariseu encobria as suas chagas e descobria as suas virtudes e boas obras. 
Nisto nos ensinou o Senhor quão necessária é a humildade para a oração ser valiosa. 
Todas as graças recebidas por intercessão do Beato Bartolomeu devem ser comunicadas ao:
Secretariado Nacional do Rosário
Rua de São Domingos, s/n 2495-431 Fátima
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PARA ANTES DA LEITURA
 
Oração a São Bartolomeu
 
Senhor, os olhos da minha alma estão cegos, porque não vejo o que é bem e o que é mal. Os falsos bens deste mundo me parecem verdeiros e grandes, e os verdadeiros do outro não estimo nem desejo com eficácia e, por isso, alumiai meus olhos para que veja as coisas como elas são: as vãs como vãs e as verdadeiras como verdadeiras, para que desprezando as vãs e amando as verdadeiras, mereça chegar à luz eterna. Ámen
 
LER A LEITURA DO DIA (Extraídas do Catecismo do Beato Bartolomeu)
 
Senhor Jesus, Bom Pastor, com infinita caridade e humildade lavastes os pés aos vossos discípulos na Última Ceia, dando-lhes o exemplo e mandando-os que aprendessem de Vós e fizessem o mesmo aos homens, seus irmãos; Vós que comunicastes essa mesma humildade e ardente caridade ao vosso fiel servo São Bartolomeu dos Mártires, especialmente para com os pobres e aflitos, e o animastes a percorrer incansavelmente montes e vales da vastíssima arquidiocese de Braga, para salvação da sua grei, concedei-me (-nos) a graça... (mencionar o pedido) que vos peço (pedimos) para a sua canonização, a fim de que também o seu exemplo nos estimule à caridade e a sua intercessão nos obtenha o dom de alcançarmos o vosso Reino. Vós que sois Deus com o Pai, na unidade do Espírito Santo. Ámen.
Em vez da oração anterior, pode dizer-se a seguinte:
Senhor Jesus, Bom Pastor, que tornastes o vosso fiel servo São Bartolomeu dos Mártires tão heróico no zelo pela salvação das almas e na caridade para com os necessitados, por sua intercessão e para a sua canonização, concedei-me (-nos) a graça... (mencionar o pedido) que vos pedimos. Vós que sois Deus com o Pai, na unidade do Espírito Santo. Ámen.
 
REZAR PELAS INTENÇÕES DO SANTO PADRE:
 
Pai-Nosso, Avé-Maria e Glória ao Pai
 
Ó Pai do Céu, pelos doces nomes de Jesus e de Maria e por intercessão do vosso fiel servo São Bartolomeu dos Mártires, ajudai-me (-nos) nesta necessidade e não permitais que seja confundida a minha (nossa) esperança!
O Senhor nos abençoe, nos livre de todo o mal e nos conduza à vida eterna. Ámen. 
 
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LEITURAS 
 
PRIMEIRO DIA
IMITAÇÃO DOS SANTOS
 
Imitemos os santos, aqueles que esgalham as árvores e, com os ramos na mão, glorificam o Senhor. Lancemos mão dos ramos dos seus exemplos e excelentes obras de virtude, para seguir-mos a Cristo. 
 
Uns são comparados a oliveiras carregadas de azeitona, isto é, resplandecem pela caridade e misericórdia. Nós, pecadores, colhemos estes ramos quando cumprimos as obras de misericórdia, conforme as nossas possibilidades. 
Outros são comparados a palmeiras que conservam perpétua verdura e nunca perdem a folha; assim eles conservam a verdura da castidade, e são constantes nas virtudes. E assim como a palmeira no alto é larga e, no pé, estreita, assim eles alargam os seus corações para as coisas celestiais e eternas, e das coisas da terra pouco se ocupam, apertando-se e estritando-se no uso delas. E quando nisto os imitamos, colhemos ramos de palma para honrar ao Senhor. 
 
Outros santos são comparados aos ciprestes que, mui direita e altamente, se levantam ao céu. E, por isso, com razão os devotos e contemplativos das grandezas de Deus e mistérios divinos são representados por ciprestes, e nós, baixos e terrestres, não podemos voar tão alto; todavia, de alguma maneira, os imitamos, colhendo os seus ramos, quando fazemos alguma oração devota e nos ocupamos em meditar e considerar a Paixão e os outros mistérios do nosso Redentor.
 
E, finalmente, quando nos ocupamos em louvar e dar graças a Deus de todo o coração, por seus infinitos benefícios, fazemos o ofício daqueles que, com grandes clamores, diziam: Bendito o que vem em nome do Senhor! Assim nós, fazendo pouco caso da vida e saúde do nosso corpo, peçamos e procuremos, continuamente, eterna saúde e salvação da alma. 
 
 
SEGUNDO DIA
DIGNIDADE E EXCELÊNCIA DA FÉ 
 
A sabedoria e  justiça cristãs brotam daquelas três principais virtudes que se chamam teologais ou divinas: Fé, Esperança e Caridade. E assim toda a doutrina cristã consiste na prática destas. 
No Credo se exercita a fé, porque nele expressamente se contêm as verdades que somos obrigados a crer. No Pai-Nosso se exercita a esperança, porque nele pedimos todas as coisas que devemos esperar e desejar. Nos mandamentos do Décalogo se exercita a caridade, porque todos eles se reduzem aos dois principais mandamentos: amor a Deus e e do próximo. 
É bem manifesto que a excelência e preeminência que o homem tem sobre todos os animais e criaturas corporais, consiste em que só ele pode conhecer, honrar e amar a Deus. E, por isso, aquilo a que, acima de tudo, Deus e a mesma natureza nos inclina e obriga, é procurar alcançar verdadeiro conhecimento e amor de Deus. Se isto o homem não tiver, que resta senão dizer-lhe aquilo que Deus dele disse: «Se o homem não reconhece a honra da sua tão excelente natureza, fica comparado ás bestas irracionais, e feito semelhante a elas?»
E se, porventura, tivesse algumas outras virtudes, sem o tal verdadeiro conhecimento de Deus, tanto lhe aproveitariam como aproveitam os outros membros do corpo sem a cabeça.
 
Tal conhecimento só o possui quem tem a luz da fé, porque só esta descobre as verdades que se hão-de conhecer e crer acerca de Deus. E toda a alma na qual esta luz não resplandece, vive em cegueira e trevas, não sabe para onde caminha e não pode fazer nada que agrade a Deus. É, pois, muito de lamentar que nós, cristãos, que possuímos esta luz, não a agradeçamos quanto e como devíamos. 
 
Lembremo-nos, portanto, de agradecer frequentemente a Deus, de todo o coração, ter-nos enriquecido com a sua maravilhosa luz, tornado participantes dos sacramentos, dado a conhecer os tesouros da sua misericórdia e prometer-nos herança e riquezas eternas.
 
 
TERCEIRO DIA 
NATUREZA DA FÉ
 
Em que consiste a essência da nossa fé? Diz-nos São Paulo que a fé consiste em crer que Jesus Cristo crucificado é natural e único Filho de Deus, o qual, para nossa salvação, se fez homem no seio puríssimo da Virgem Maria, se entregou a Si mesmo para nos redimir e, com o seu Sangue, nos lavou de nossos pecados. E, sendo nós inimigos de Deus e dignos de condenação, devido ao nosso nascimento natural, Ele nos reconciliou com o Pai, entregando-se à morte pelos nossos pecados e ressuscitando para nossa justificação.
 
Estando nós mortos por causa das nossas culpas e pelo pecado original com que nascemos e herdámos de Adão, nosso primeiro pai, Ele, em virtude do seu Sangue, restituiu-nos a vida espiritual da alma, dando-nos a sua graça, mediante os sacramentos. Da sua Paixão e morte e dos seus méritos recebem todo o seu valor as nossas obras e penitências. Por conseguinte, é essencial que, neste mundo, estejamos unidos à nossa Cabeça, Jesus Cristo, pela fé viva, esperança firme e caridade de coração puro. 
 
Esta é a substância do que cremos, nisto estriba e está apoiada toda a nossa esperança e confiança: aqui há-de estar o nosso amor. Isto é o que continuamente havemos de pedir ao Senhor, dizendo com coração humilde: Ó eterno e poderoso Deus e Pai celestial, não me julgueis pelo valor das minhas obras enquanto minhas. Alego por mim somente as obras de vosso Filho. Ponho diante de Vós, entre a vossa justiça e os meus pecados, como meus, os seus méritos, porque, para Si, não tinha necessidade deles. Só por Ele posso fazer obras aceitas e meritórias diante de Vós. Fez-me seu membro e irmão para partilhar comigo a sua glória e bem-aventurança. 
 
 
QUARTO DIA
EXERCÍCIO DA ESPERANÇA
 
Detenhamo-nos, por breves momentos, na segunda virtude teologal, a Esperança, começando por uma breve explicação do Pai-Nosso, na qual exercitamos a nossa esperança. Nela pedimos ao Senhor tudo quanto d´Ele licitamente podemos esperar e desejar. É, por isso, oração perfeitíssima e superior a qualquer outra feita a Deus, porque nada se Lhe pode pedir que nela não esteja contido e não se peça. 
Contém esta santíssima oração sete petições, antes das quais endereçamos o coração ao nosso Deus e Senhor, invocando-O e dizendo-Lhe: Pai-Nosso, que estais nos Céus, começando por chamar-Lhe Pai. Oh grande dignidade dos cristãos! Oh grande benignidade de Deus, que nos aceita por filhos, que não desdenha que Lhe chamemos Pai! Quem se atreveria chamar-Lhe Pai se Ele não dera licença, se Ele o não mandara?! Isto nos obriga a viver como filhos de tal Pai e a trabalhar por nos parecermos cada vez mais com Ele, para que assim se honre Ele de nos ter por filhos, como nós de O termos por Pai. 
 
Dizemos Pai nosso e não meu, porque o Senhor não quer que alguém ore por si só, dizendo: Pai meu, mas sim: Pai nosso. Nem quer que digamos: Dai-me o pão meu, mas sim: o nosso. Nem: perdoai-me os meus pecados, mas sim: os nossos.
E cada um de nós roga por todos, e todos rogam por cada um, para que, desta maneira, mostremos que somos um só n`Ele, com uma só fé, esperança e caridade. Não pode tratar a Deus por Pai nosso aquele que a outro cristão não tem por irmão.
 
Depois de dizermos Pai-Nosso, acrescentamos: que estais nos Céus. Visto que o nosso Pai está nos Céus, ainda que nós estejamos na terra, ponhamos no Céu tudo o que lá podemos pôr: os corações, os pensamentos, os desejos, o amor. Esteja o nosso coração onde está o nosso tesouro, estejam os filhos onde está o Pai. E já que o Pai é celeste, não sejam os filhos de todo terrestres. 
 
 
QUINTO DIA
EXCELÊNCIA DA CARIDADE SOBRE TODAS AS VIRTUDES
 
Em crer, esperar, amar e fazer consiste toda a santidade cristã. A fé e a esperança sem caridade e obras ficam mortas e não limpam nem santificam a alma, nem têm valor algum diante de Deus. É necessário, pois, que na alma resplandeçam todas as três juntamente: fé, esperança  e caridade; doutra forma não pode haver salvação.
As obras que a caridade nos leva a praticar estão contidas nos Mandamentos que Deus nos deu. E, destes, o principal é o da caridade. Esta é o resumo de toda a Lei. Nela se encerra tudo quanto Deus mandou, e tudo mandou por amor dela; e quem a tem, tudo tem; e quem a não tem, nada tem, nada lhe aproveita quanto tem. 
É a caridade que torna o jugo do Senhor suave e leve; sem ela, de nada vale qualquer outra virtude. Ela é o cumprimento da Lei, o vínculo da perfeição, o caminho pelo qual Deus desceu dos Céus e veio aos homens. E só ela é também o caminho por onde os homens hão-de subir aos Céus. Deste vale de lágrimas para o lugar onde está Cristo, não há outro caminho senão o da caridade. Só ela mata todos os pecados, só ela vence todas as tentações, só ela cumpre todos os Mandamentos, exercita todas as virtudes e faz doces todos os trabalhos; só ela diferencia os filhos da salvação dos filhos da eterna perdição. 
A caridade, rainha de todas as virtudes, contém em si dois preceitos: um do amor de Deus e outro do amor ao próximo. Amar o Senhor de todo o coração e com todas as forças da nossa alma, não é outra coisa senão antepô-l`O a tudo, prezá-l`O e estimá-l`O mais que todas as coisas deste mundo e que nós mesmos; mais até que a nossa própria vida, estando prontos a tudo perder antes que ofendê-l`O, transgredindo algum dos mandamentos. 
Apliquemos, portanto, todas as forças da alma e do corpo em amar ao Senhor, porque, procedendo desta forma, facilmente venceremos todos os afectos carnais e cumpriremos com alegria todos os Mandamentos, assegurando, assim, a salvação e glória eternas. 
 
 
SEXTO DIA
A SOLENÍSSIMA FESTA DA PÁSCOA
 
Eis-nos na santíssima festa da Páscoa da Ressurreição do Senhor, festa que, com toda a razão, nos deve entusiasmar e alegrar mais que todas as outras, porque nela, quer da parte do Senhor quer da nossa, abundam os motivos de alegria e consolação. 
Tudo quanto nesta festa vemos nos consola sem qualquer sombra de tristeza, tanto no que a Deus respeita como a nós. Com olhos de fé vemo-l`O levantar-se do sepulcro, ressuscitando em carne imortal e impassível, seguro de nunca mais morrer ou padecer, triunfando da morte e do inferno. 
E também no que a nós diz respeito, tudo o que n´Ele vemos confirma as nossas esperanças e dilata os nossos corações com alegria e prazer, porque n´Ele vemos a glória que hão-de alcançar os filhos de Deus, e o bem-aventurado estado de vida que esperamos no dia da ressurreição geral. Ó irmãos, há alguém que não deseje que o seu corpo alcance estas glórias, estes dotes e perfeições?
 
Ordenou Deus, porém, que ninguém alcance a bem-aventurança, seja da alma seja do corpo, sem trabalhos e merecimentos. Por isso nesta solenidade, em que nos é proposta a imagem e amostra da nossa gloriosa ressurreição, a santa Igreja, nossa mãe, apresenta-nos uma receita do grande médico São Paulo, que, em breves palavras, nos revela o que devemos fazer para chegar à glória da ressurreição, dizendo-nos:
«Irmãos, se quereis ressuscitar gloriosamente, retirai da vossa alma todo o fermento velho, limpando-a de toda a malícia, ódio, rancor, inveja e de qualquer outra corrupção e podridão espiritual, para que fiqueis como uma massa ázima, fresca e limpa. Tende bem presente que só Jesus Cristo é o nosso Cordeiro Pascal, que por nós foi sacrificado no altar da Cruz, e que, como fonte de toda a limpeza e santidade que é, não mora senão em almas limpas.»
Portanto, irmãos, se queremos chegar à glória da bem-aventuranda ressurreição, sigamos o conselho do Apóstolo Paulo. 
 
 
SÉTIMO DIA 
A NOSSA CABEÇA ESTÁ NOS CÉUS
 
Estavamos neste mundo cativos e presos com os grilhões do pecado e afectos carnais; não suspirávamos nem tínhamos saudade dos bens celestiais. Por isso não podia haver meio mais eficaz para libertar os nossos corações destas cadeias e para elevar os nossos desejos e amores ao Céu do que o Senhor colocar nele a sua sagrada Humanidade. 
Coragem, irmãos! Não se separem da cabeça os membros. Uma vez que professamos que a nossa Cabeça está nos Céus, estejam com ela os membros unidos e pegados pela fé, esperança e caridade. Depois da morte, não se juntarão com a Cabeça, na glória, os membros que neste mundo morreram separados dela. 
Subiu o Senhor para nos preparar lugar e aposento e para nos ir abrindo o caminho, como o tinha dito o profeta Miqueias. Por conseguinte, da nossa parte, só falta trilhar o caminho que nos mostrou e desejar chegar ao lugar onde Ele se instalou. Esteja o nosso coração onde está o nosso tesouro; se o corpo está na terra, a alma que é águia de Deus, voa para junto de d`Ele. 
 
E não lhe faltam asas, como diz Santo Agostinho, porque para isso te deram inteligência e vontade; para isso te deram fé e amor, e para isso te deram os dois preceitos de amor de Deus e do próximo, para que, com duas asas, voasses até Ele. 
Ânimo, pois! Em quaisquer pedras de penas e tribulações de que te sentires ferido, levanta os olhos da alma ao Céu, vê Aquele que está à direita do Pai, e regozija-te confiando n`Ele e considerando que nao subiu a tão alto lugar senão depois de muito apedrejado neste mundo, como Ele próprio o disse: «Foi necessário Cristo padecer muitos tormentos e assim subir à sua glória.»
Consola-te também com estas palavras de São João: «Temos, diante do Pai Eterno, um advogado, Nosso Senhor Jesus Cristo, que, enquanto homem, intercede por nós, tanto para nos alcançar perdão de nossos pecados, como para nos alcançar vitória em nossas tentações.»
 
 
OITAVO DIA 
SANTÍSSIMO SACRAMENTO DA EUCARISTIA
 
Este é o principal e mais excelente de todos os sacramentos, porque nos outros está somente o poder de Nosso Senhor Jesus Cristo, mas, neste, não somente o poder, mas Ele mesmo, real e substâncialmente, Deus e homem verdadeiro, fonte de todas as graças e bens. 
 
A nós não nos é dado descobrir como o Senhor faz esta maravilha tão grande, e como, ditas pelo sacerdote aquelas divinas palavras que Ele ordenou, a substância do pão e do vinho se mudam e transubstanciam em seu verdadeiro Corpo e seu verdadeiro Sangue. 
A nós só nos compete maravilhar-nos, amar  e agradecer tão grande benefício, tão imcompreensível dom, tão infinito amor que O obrigou e forçou a dar-nos a sua Carne  e Sangue em alimento das nossas almas, tal como no-la havia dado em redenção e preço por elas no tormento da Cruz. E, por isso, o que sobretudo quer de nós é que aproveitemos muitas vezes este tesouro,  gozemos deste convite, nos preparemos muitas vezes para receber o seu satíssimo e preciosíssimo Corpo. 
 
Desejamos vida? Este Sacramento é a fonte da vida. Desejamos fogo de amor de Deus? Este é fogo infinito. Queremos consolações espirituais? Esta é a fonte de deleitos eternos. Queremos perdão dos nossos pecados? Este é o 'Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo'. Somos fracos nas tentações e desejamos vitória? Este é o Senhor das vitórias e Deus todo-poderoso. 
Mas, irmãos, niguém comungue indignamente. Antes de atender este celestial convite, examine com cuidado a sua consciência e, sinceramente arrependido de seus pecados, peça deles perdão. E, assim preparado, receba o Corpo do Senhor com aquela fé e confiança que teria de alcançar perdão de seus pecados, se O visse, com os olhos do corpo, estar na Cruz por si, e convidá-lo ao perdão dos pecados e a participar dos méritos do seu Sangue. 
 
 
NONO DIA
ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA
 
Nesta festa celebramos o glorioso dia em que a Rainha dos Céus deixou este desterro e foi tomar posse do Reino celestial. Levada deste mundo indigno de tão precioso tesouro, foi convidada a reinar sobre os Anjos e a receber prémio digno de suas altíssimas virtudes. 
Recebe de Deus, seu Filho, as glórias e honras que convinha tal mãe de tal Filho receber; este Filho que, mais que todos os outros, cumpriu o mandamento que dera aos homens de honrar pai e mãe.
E, se bem que a Virgem, naturalmente, morreu (como também seu Filho) e a sua santíssima alma foi realmente separada do corpo, e no mesmo instante bem-aventurada, todavia, foi logo ressuscitada em corpo e alma por seu Filho. Deste modo, foi glorificada e exaltada, tanto no corpo como na alma, sobre todos os coros dos Anjos. 
Nela se juntaram todo o fervor e esplendor dos santos contemplativos e dos de vida activa. Isto revela-nos a grandeza da Santíssima Virgem e, ao mesmo tempo, ensina-nos o caminho da salvação. Na verdade, daqui aprendemos que, se nos queremos salvar, é necessário abraçar uma destas vidas e ocupações, ou um pouco de cada uma. 
A vida activa consiste no exercício das obras de misericórdia, quer corporais quer espirituais, socorrendo os famintos, vestindo os nus, servindo os doentes, corrigindo os faltosos, ensinando e aconselhando os ignorantes, consolando os tristes. Mas antes de ser misericordioso com os outros, é preciso sê-lo consigo mesmo, corrigindo a sua vida, curando as chagas da sua alma e vencendo as más inclinações. 
A vida contemplativa é daqueles que, embora tenham grande amor ao próximo, recolhidos consigo sós, passam a vida em contemplação das coisas eternas e desejando verem já o seu amado Senhor. 
Não havendo mais que estes dois caminhos que levem ao Céu, empreendamos algum deles, ou andemos um pouco por cada um deles, a fim de perpetuamente morarmos na companhia da nossa Mãe celeste, no lugar para onde ela passou. 
 
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COMPLEMENTO:
 
COMO SE HÁ-DE FAZER ORAÇÃO
 
Entende agora que coisa é Orar: não é mover os lábios, não é dar vozes sem atenção e afeição do coração. Orar é falar com Deus, com o qual, porque é espírito, melhor falamos com o espírito que com a boca. E, por isso, esforça-te diligentemente por, quando dizes alguma oração com a boca, dizeres também com a alma o que diz a boca...
 
Que coisa é Oração senão uma elevação da alma a Deus e um ardente oferecimento de seus desejos diante de Sua Majestade? E, portanto, sempre que oras tens desejos piedosos; nunca oras se nunca os tens, ainda que, com os lábios, pronuncies alguma oração...
 
É também necessário que a Oração seja baseada e proceda da fé, de esperança e de caridade, isto é, de fé, crendo firmissimamente que Deus é suma bondade, fonte de todos os bens,  e a Ele se hão-de pedir todos. 
 
Também há-de nascer de esperança e confiança, confiando mui firmemente que aquela Suma Bondade está desejosa de nos fazer todas as mercês necessárias para a nossa salvação eterna, se nós, de coração, as desejamos. Nos milagres que fazia, costumava dizer muitas vezes aos que recebiam benefícios milagrosos: - Por vossa fé e confiança recebestes este benefício.
 
Peçamos, portanto, com confiança firme, apoiada nos méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo e em seu Nome. Pedindo, alcançaremos coisas necessárias e proveitosas para a nossa salvação. 
 
A Oração há-de proceder também de amor fervente, porque as grandes merçês não as faz o Senhor senão aos que O amam, como diz Isaías. 
Tem de ser fundada também em humildade, isto é, em claro reconhecimento das tuas faltas e necessidades espirituais. Porque, quem não vê o que lhe falta, qum não enxerga a sua pobreza espiritual, como poderá pedir ao Senhor riqueza?...
 
E, por isso, foi aceita a oração do Publicano e reprovada a do Fariseu, porque o Publicano viu e descobriu os seus abcessos espirituais diante do Médico eterno e, cheio de confusão e vergonha, com os olhos no chão, dizia - Deus, tem misericórdia de mim, pecador. E o Fariseu encobria as suas chagas e descobria as suas virtudes e boas obras. 
 
Nisto nos ensinou o Senhor quão necessária é a humildade para a oração ser valiosa. 
 
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NIHIL OBSTAT
Pe. Fr. Domingos Nunes Martins, O.P.
 
PODE IMPRIMIR-SE
Fr. Miguel Santos, O.P.
Provincial Dominicano