CRISTIANISMO E CIÊNCIA 

                 
1 - Curso Ciência e Fé

Descrição: Este módulo principia com a remoção de alguns obstáculos, muitas vezes com forte carga emocional, que impedem uma visão nítida da relação entre cristianismo e ciência. Depois de uma secção deliberadamente provocatória na qual se evocam alguns factos acerca do "caso" Galileu, factos esses que não se coadunam com a tese do conflito entre Igreja Católica e ciência, apresentam-se os "pais" da tese do conflito, John William Draper (1811-1882) e Andrew Dickinson White (1832-1918), e refere-se que a quantidade de casos reais de conflito entre cientistas e a Igreja Católica é muito escassa, e os poucos casos existentes são problemáticos para a tese do conflito. Depois de uma secção com as biografias de importantes cientistas cristãos, conclui-se com o ponto de vista de Einstein acerca do trabalho do cientista.
 
                
2 - Filosofia Grega   

Descrição: Depois de uma introdução filosófica que pretende refutar o erro de que apenas a ciência oferece conhecimento verdadeiro, faz-se uma introdução à filosofia grega por ordem cronológica: dos pré-socráticos a Aristóteles, passando por Platão. Se é verdade que o pensamento científico nasce na Grécia do período clássico, não é menos verdade que esse pensamento científico deve muito a Platão, mas sobretudo a Aristóteles. Por outro lado, a génese da ciência moderna na Idade Média é incompreensível sem o contexto de fundo da filosofia grega, fundamental para se compreender, por exemplo, o caso Galileu. Particularmente relevante é a metafísica aristotélica, ainda hoje válida e defendida por filósofos profissionais, e que é fundamental para a mais importante exposição teológica da doutrina católica, a de São Tomás de Aquino. A história intelectual do Ocidente cristão pode resumir-se ao florescimento e amadurecimento, centrado em Roma, das culturas de Atenas e Jerusalém.
 
                 
3 - Cosmologia Grega   

Descrição: Neste módulo, apresentam-se os conceitos essenciais da física aristotélica. Sem retirar qualquer valor à nova física que "destronou" a aristotélica, nunca é demais sublinhar a sua importância e valor: basta o facto de que o sistema físico de Aristóteles "reinou" durante dezanove séculos sem concorrência à altura. De seguida, apresentam-se os conceitos essenciais do modelo astronómico de Ptolomeu. Mais uma vez, nunca é demais sublinhar a sofisticação e precisão do modelo ptolemaico, e a beleza e dimensão da sua obra maior, o "Almagesto", que permaneceu a referência em astronomia durante catorze séculos. Diz Olaf Pedersen (1920-1997), um dos maiores especialistas no Almagesto, acerca desta obra: «(...) o principal trabalho de Ptolomeu deve ser considerado como a fonte derradeira de toda a astronomia no mundo Ocidental até que foi finalmente substituído, através dos esforços de Kepler e Newton». Quem não entende a importância e alcance, quer da física aristotélica, quer da astronomia ptolemaica, não está em condições de compreender o porquê da imensa resistência que a intelectualidade europeia ofereceu à nova física não aristotélica e à astronomia de Copérnico.
 
4 - Filosofia Medieval    

Descrição: Neste módulo percorrem-se algumas etapas importantes desde a génese da filosofia cristã até Santo Agostinho de Hipona (354-430 d.C.), o grande teólogo da patrística latina cuja influência será preponderante até bem dentro da Idade Média, perdurando até aos dias de hoje. Partindo do judaísmo e dos primeiros contactos do cristianismo com a filosofia grega, analisa-se a importância da Escola Catequética de Alexandria, local onde começa o amadurecimento da ideia de que cristianismo e filosofia grega são conciliáveis em muitos aspectos. Deste período destaca-se Clemente de Alexandria (150-215 d.C.) e a sua obra "Stromata", na qual argumenta a importância da filosofia para a doutrina cristã. Os primeiros sábios cristãos vão adoptar a filosofia e a cosmologia gregas, em detrimento da primitiva cosmologia judaica. Este módulo termina com a vida e a obra de Santo Agostinho, o primeiro a elaborar uma teologia sofisticada em defesa da compatibilidade entre fé cristã e razão (esta última abarcando todos os ramos do conhecimento científico e filosófico de então).
 
5 - Ciência Medieval  

Descrição: O Império Bizantino manteve e protegeu a cultura grega até ao seu colapso ante os Turcos em 1453, mas os sábios bizantinos pouco mais fizeram do que preservar o saber recebido, e apenas numa restrita elite intelectual. A ciência teve um percurso muito diferente no Ocidente: após a progressiva queda do Império Romano do Ocidente durante o século V, o saber clássico foi preservado por homens de conhecimentos enciclopédicos como Boécio (c. 480-525 d.C.) e Cassiodoro (c. 488-575). Este último aplicou-o no ensino dos monges do mosteiro de Vivarium, criando um programa que se tornaria modelar no ensino monacal. Já as obras de Lógica escritas por Boécio seriam a base do ensino medieval dessa disciplina. Isidoro de Sevilha (c. 560-636 d.C.) defende a construção de seminários em todas as catedrais da Hispânia, locais onde o ensino religioso seria integrado com o ensino do "trivium" (Lógica, Retórica e Gramática) e do "quadrivium" (Álgebra, Geometria, Música e Astronomia). No século XII, a chegada ao Ocidente de traduções (do árabe, mas sobretudo do grego) das obras aristotélicas, juntamente com a criação das primeiras universidades (Bolonha em 1088, Paris por volta de 1150, Oxford em 1167, etc.), lançam as bases para a actual cultura científica e para o surgimento da ciência moderna. A estrutura curricular destas universidades, argumenta o historiador de ciência Edward Grant, foi crucial para a posterior "revolução científica", ao gerar uma nova classe de teólogos-filósofos, que deveriam completar os graus de Bacharel e Mestre em Artes, e portanto serem competentes em matérias filosófico-científicas, antes de poderem prosseguir para um Doutoramento em Teologia. Neste módulo, analisam-se ainda: os importantes acontecimentos despoletados pelo Bispo de Paris em 1277 e que abriram caminho para uma nova física não aristotélica; e o contributo dos "doutores parisienses" e dos "calculadores" de Merton College (Oxford) no surgimento de uma nova física no século XIV, precursora da física de Galileu e de Newton. Por fim, analisam-se algumas das causas que podem explicar o sucesso da empreitada científica no Ocidente cristão, quando ela falhou noutras culturas promissoras como a árabe e a chinesa.
 
6 - São Tomás de Aquino  

Descrição: Neste módulo apresenta-se um resumo da vida e obra de São Tomás de Aquino (1225-1274), o grande teólogo da medievalidade cristã. Apresenta-se a ontologia tomista, que constitui uma importante melhoria e aperfeiçoamento, à luz das verdades da doutrina cristã, da ontologia aristotélica. O cerne deste módulo consiste na apresentação dos cinco argumentos tomistas para a existência de Deus. O Concílio Vaticano I declarou que «(…) Deus, a causa primeira (principium) e o fim de todas as coisas, pode, a partir das coisas criadas, ser conhecido com certeza pelo poder natural da razão humana (…)», e São Tomás de Aquino mostra como se argumenta em favor da existência de Deus usando apenas a razão e informação empírica. Deste modo, é possível ter certeza intelectual acerca da existência de Deus. No final do módulo, apresentam-se os atributos divinos aos quais São Tomás chega exclusivamente por via filosófica, pelo uso da razão. Aborda-se o dilema de Eutifro, usado como crítica à bondade de Deus, e desmonta-se o alegado paradoxo da omnipotência. Por fim, apresenta-se o método "ex suppositione" elaborado por São Tomás a partir dos "Analíticos Posteriores" de Aristóteles, um método que visa alcançar certeza demonstrativa e que é precursor do método científico que viria a ser desenvolvido por Galileu. Este módulo conclui com algumas citações do Magistério da Igreja Católica que defendem a importância, a actualidade e a centralidade da teologia tomista, sobretudo quando aplicada ao ensino e à exposição da doutrina católica.
 
7 - Inquisição e Ciência  

Descrição: Faz parte do folcore contemporâneo a noção de que a Inquisição combateu o conhecimento  e o progresso científico. Esta noção só se compreende no contexto da tese do conflito: se a Igreja Católica realmente esteve sempre em confronto com a ciência, então será expectável ver a Inquisição, pela sua natureza e função, como essencialmente sua inimiga. Hoje sabe-se muito mais sobre a Inquisição do que o que se sabia no século XIX, altura em que a tese do conflito atingiu a sua maturidade e maior aceitação académica, mas o actual conhecimento académico não consegue exercer impacto significativo no folclore, ao ponto de até os católicos, naturalmente interessados no bom nome da sua Igreja, permanecerem em larga medida reféns desse folcore e desconhecedores do estado actual da historiografia da Inquisição. Do mesmo modo que, hoje, já nenhum historiador de ciência defende a tese do conflito, também hoje já nenhum historiador da Inquisição defende a visão caricatural desta entidade, visão essa que já só sobrevive no folcore. Historiadores contemporâneos como Edward Peters (Universidade da Pensilvânia), Henry Kamen (Universidade de Oxford) e Ugo Baldini (Universitá degli Studi di Padova) são três importantes exemplos dessa nova historiografia baseada na análise rigorosa dos arquivos da Inquisição. Neste módulo, pretende-se apresentar um breve resumo da actual visão académica sobre a Inquisição, distinguindo-se, no tempo e na sua essência, as várias formas de Inquisição, desde a Medieval, passando pela Espanhola e pela Portuguesa, e terminando na Romana, o órgão essencial no desenrolar dos acontecimentos do caso Galileu. Este último caso é incompreensível sem se entender os traços gerais da motivação e do "modus operandi" da Inquisição Romana, assim como também é fundamental compreender o essencial do que foi a Reforma protestante e a resposta católica, a Contra-Reforma. Na parte final deste módulo, apresentam-se os critérios e métodos usados pela Inquisição para a análise e censura das obras de conteúdo científico e discutem-se alguns casos reais de filósofos e cientistas de renome que foram investigados pelo Santo Ofício. Este módulo termina com algumas estatísticas acerca da Inquisição, de forma a permitir uma melhor avaliação da sua real dimensão e impacto social.
 
8 - O Caso Galileu (Parte 1)   

Descrição: O caso Galileu é tido como o exemplo paradigmático da tese do conflito, como prova maior de que a Igreja Católica é inimiga da ciência. A ênfase que tantos dão a este caso é sintoma de que há fraqueza estatística na tese do conflito: como não se encontram facilmente mais casos de conflito real entre a Igreja Católica e um cientista, as críticas tendem a focar-se exclusivamente neste caso. No entanto, analisado à lupa, nem mesmo o caso Galileu pode ser usado como um exemplo de conflito entre Igreja Católica e ciência. O caso Galileu é muito complexo, e o objectivo deste módulo, e do módulo seguinte, é sobretudo o de mostrar essa complexidade, que impede conclusões simplistas e redutoras. Na primeira parte deste módulo, analisam-se três nomes essenciais: Copérnico, Brahe e Kepler, cuja vida e obra é fundamental para a compreensão do caso Galileu. Desta primeira parte, o essencial a reter está no apoio das autoridades católicas à obra magna de Copérnico, assim como nas razões que levaram a esmagadora maioria dos sábios da época a rejeitar o heliocentrismo (apenas dez adeptos de Copérnico no século XVI): razões de senso comum, mas também razões decorrentes das limitações técnicas dos instrumentos da época, e sobretudo da profunda incompatibilidade entre a física aristotélica da época e o novo modelo proposto por Copérnico. Na segunda parte, analisa-se a vida de Galileu até aos acontecimentos de 1616, dando especial detalhe à importância dos jesuítas do Collegio Romano na formação do pensamento científico de Galileu, e vincando aquele que foi o momento de glória da vida de Galileu (1610-1611), com a sua descoberta dos satélites de Júpiter, das irregularidades da superfície lunar, e das fases de Vénus, assim como a sua recepção apoteótica em Roma por parte das autoridades maiores da Igreja Católica. O módulo encerra com os acontecimentos que vão determinar os problemas de Galileu com a Inquisição: a discussão escriturística, despoletada por uma conversa num jantar no Palazzo Medici em Florença em Dezembro de 1613, jantar em que estão presentes Cosimo Boscaglia, Professor de Filosofia em Pisa, que alega que o modelo heliocêntrico contradiz a Bíblia, Benedetto Castelli, amigo de Galileu, que, contra Boscaglia, defende não existirem contradições, e a Grã-Duquesa da Toscânia, Cristina de Lorena, curiosa espectadora da polémica, e mãe do Grão-Duque Cosme II, mecenas e protector de Galileu.
9 - O Caso Galileu (Parte 2)  

Descrição: A partir de 1615-16, a situação de Galileu perante as autoridades romanas, até então boa, quer em virtude da sua reputação científica, quer do seu papel como "embaixador científico" do Grão-Duque da Toscânia, começa a degradar-se. É em 1615 que Niccolò Lorini, adversário de Galileu, escreve uma carta ao Cardeal Sfondrati, levantando suspeitas sobre a ortodoxia de Galileu. E no mesmo ano, o Frade Caccini, outro inimigo de Galileu, faz um depoimento contra o sábio junto da Inquisição. Esta não parece ter dado grande crédito a estas denúncias, mas a imagem de Galileu ficou certamente afectada. Em Dezembro desse ano, Galileu, temendo uma condenação do copernicanismo, vai a Roma para tentar evitá-la. Em Fevereiro de 1616, Galileu consegue uma audiência com o Papa Paulo V, que o avisa de que deve abandonar tais ideias, sinal de que os tempos tinham mudado. Nesse mês, a pedido do Santo Ofício, um painel de teólogos dá um parecer condenatório sobre o copernicanismo, do ponto de vista filosófico e teológico, mas o Papa Paulo V não oficializa essa condenação. No fatídico dia de 26 de Fevereiro, uma data decisiva para o futuro de Galileu, o sábio florentino é chamado a casa do Cardeal Bellarmino. Paulo V pedira ao Cardeal que avisasse Galileu, em privado, do parecer negativo dos teólogos. Mas nessa data, sem ter sido convocado, aparece também em casa do Cardeal o Padre Seghizzi da Lodi, Comissário-Geral do Santo Ofício, para testemunhar o colóquio entre Galileu e Bellarmino. Um documento não assinado consta dos arquivos do processo Galileu, com data de 26 de Fevereiro, atestando que Galileu fora, nessa data, intimado a abandonar e a não mais ensinar o copernicanismo. Mas, de forma contraditória com esse documento, quando tiver lugar o processo contra Galileu em 1633, este irá usar em sua defesa um atestado autêntico do Cardeal Bellarmino, confirmando que Galileu não fora obrigado a abjurar de ideia alguma perante as autoridades religiosas. Permanece até hoje a dúvida acerca do que foi realmente dito a Galileu nesse dia 26 de Fevereiro de 1616. Em Março desse ano, a obra "De Revolutionibus" de Copérnico, um comentário ao livro de Job, e uma obra do Frade Foscarini, copernicano e amigo de Galileu, serão colocadas no Índice de Obras Proibidas. Galileu falhara a sua missão a Roma, e os anos que medeiam entre 1616 e 1633 serão dedicados ao estudo científico e ao amadurecimento das suas teses em defesa do modelo de Copérnico. No Verão de 1623, é eleito o Papa Urbano VIII, Maffeo Barberini, o que causou grande alegria a Galileu, porque via no novo pontífice o homem providencial para o ajudar a ver aprovado o copernicanismo. Em Abril de 1624, Urbano VIII autoriza Galileu a escrever sobre o novo modelo, desde que de forma hipotética. Em Fevereiro de 1630, Urbano VIII atribui a Galileu uma pensão anual de 40 "scudi", e em Abril, Galileu termina o seu "Diálogo acerca dos dois máximos sistemas do Mundo – o Ptolemaico e o Copernicano", um título sugerido pelo próprio Urbano VIII. Daqui até à publicação da obra será um longo calvário para Galileu: este opta, a certa altura, por publicar a obra em Florença, e terá que esperar até 1631 para ter a aprovação da Inquisição de Roma e de Florença. Só em Fevereiro de 1632 é que o editor florentino termina a impressão. O momento não podia ser pior: em Março, num consistório secreto, Urbano VIII ouviu duras críticas dos Cardeais Bórgia e Ubaldini, porque o Papa tomava politicamente o partido das "potências heréticas". Os tumultos e a instabilidade política em Roma explicam que Urbano VIII tenha chegado ao ponto de achar que o lema do editor Landini, estampado em todas as cópias do "Diálogo", seria uma mensagem secreta de Galileu contra ele mesmo. Para mais, chocado por ver o seu argumento contra o copernicanismo na "boca" de Simplício, a personagem aristotélica do "Diálogo" (por sinal a que mostrava menos inteligência e conhecimentos), Urbano VIII liberta a sua indignação contra Galileu pela via jurídica, em Setembro de 1632, o que também lhe era útil em termos políticos, para poder mostrar força e zelo doutrinal aos Cardeais seus críticos. Os papéis relativos a Galileu são "desenterrados" dos arquivos da Inquisição e é então que se descobre o documento não assinado, com data de 26 de Fevereiro de 1616, o qual dá conta de que Galileu, presumidamente, fora intimado nessa data a não mais defender nem ensinar o modelo de Copérnico. É a razão suficiente para levar Galileu a julgamento e a uma condenação a prisão domiciliária por tempo indeterminado, que surge a 16 de Junho de 1633, argumentando-se que o "Diálogo" era uma clara contravenção da ordem de 1616. Galileu irá abjurar e repudiar o copernicanismo a 22 de Junho. No final de 1633, Galileu recebe permissão para regressar à sua casa em Arcetri. Em 1636, o editor holandês Elsevier aceita publicar a sua obra-prima, os “Discursos e demonstrações matemáticas em torno das novas ciências acerca da mecânica e movimento local”, que vai marcar o panorama científico da Física até à obra-prima de Newton, os "Principia Mathematica". Que, aos nossos olhos, a condenação de Galileu nos pareça injusta é algo que não se discute. No entanto, os factos históricos aqui aduzidos permitem concluir que o caso Galileu é um novelo demasiado complexo para servir de suposto exemplo de um inexistente conflito ente Igreja Católica e Ciência, conflito esse que a contemporânea historiografia da Ciência repudia por completo.
 
11 - Darwin e a Igreja Católica  
 
12 - Os Argumentos Cosmológico e Teleológico   

Descrição: O ressurgimento da filosofia cristã nos meios universitários anglo-saxónicos levou o filósofo ateu Quentin Smith a afirmar que «Deus não está “morto” no mundo académico; ele voltou à vida no final da década de 1960 e está agora vivo e de boa saúde no seu último baluarte, os departamentos de filosofia» ("The Metaphilosophy of Naturalism", revista "Phylo", Vol. 4, n. 2). Um sinal claro desse ressurgimento está também na crescente presença de filósofos cristãos em obras contemporâneas de Filosofia da Religião, Filosofia da Mente e Filosofia da Ciência. A Teologia Natural, ou seja, a procura de argumentos filosóficos para fundamentar o cristianismo sem recurso à Revelação, voltou a ser uma área respeitável de actuação para um filósofo contemporâneo. William Lane Craig (1949-) e Robin Collins são dois nomes que se destacam pela sua vigorosa defesa de dois importantes argumentos de Teologia Natural, o argumento cosmológico "kalam" (defendido notoriamente por Craig) e o argumento teleológico (defendido notoriamente por Collins). Craig sustenta a existência de uma causa transcendente para o Universo em sólida argumentação filosófica e científica, e deduz atributos divinos para essa causa a partir de uma análise conceptual feita em termos exclusivamente filosóficos. Collins parte de uma análise científica rigorosa das várias instâncias de "afinação" ("fine tuning") do Cosmos para fundamentar filosoficamente uma explicação teísta para essa mesma "afinação". A força destes argumentos, bem como a de outros importantes argumentos filosóficos em defesa do teísmo cristão, pode melhor ser apreciada em importantes obras contemporâneas de Teologia Natural como o "Blackwell Companion to Natural Theology", obra publicada pela conceituada editora Wiley-Blackwell.
 
13 - Filosofia da Mente e Inteligência Artificial   

Descrição: Neste módulo, principia-se com a apresentação das várias teorias filosóficas que foram propostas para explicar a interacção entre a mente e o corpo, e como este problema da interacção entre mente e corpo surge com o dualismo de René Descartes (1596-1650). Explica-se que a filosofia aristotélico-tomista não cria problemas de interacção entre mente e corpo porque não considera a mente e o corpo como duas substâncias distintas, mas sim como aspectos diferentes de uma mesma substância. De seguida, analisam-se as diferenças fundamentais entre a inteligência humana e a dita "inteligência artificial", mostrando-se como apenas a primeira é genuína inteligência. Hoje em dia, pessoas com pouca ou nenhuma formação em informática ou em engenharia acabam por ficar reféns dos erros e exageros de alguns entusiastas que defendem que uma máquina pode possuir genuína inteligência. Posteriormente são listados vários problemas do fisicalismo, a teoria em filosofia da mente que defende que a inteligência humana é um fenómeno redutível à física e, portanto, algo explicável sem ser necessário supor a imaterialidade da mente. No capítulo final deste módulo, apresenta-se o argumento contra o fisicalismo proposto pelo filósofo John Lucas (“Minds, Machines and Gödel”, 1961) e que se baseia nos Teoremas da Incompletude que o matemático Kurt Gödel (1906-1978) formulou em 1931. O módulo conclui com o argumento aristotélico defendido pelo filósofo David Oderberg (1963-) a favor da imortalidade da alma humana ("Real Essentialism", 2007).
 
14 - Milagres e Ciência   

Descrição: O ambiente determinista da filosofia do século XVIII deu origem a uma ideia totalmente estranha à tradição intelectual do Ocidente até então: a de que os milagres seriam "violações" das "leis" da Natureza, e que esta estava determinada por "leis" de tal forma universais e inevitáveis que os milagres seriam simplesmente impossíveis. Esta ideia atingiu o seu pico de popularidade no século XIX, tendo entrado em declínio com o advento da Mecânica Quântica no século XX. Durante este período algumas raras mentes científicas, como a do matemático e físico britânico George Gabriel Stokes (1819-1903), mantiveram as suas ideias claras: «Admita-se a existência de um Deus, de um Deus pessoal, e a possibilidade de milagres decorre imediatamente. (...) se as leis da natureza são mantidas de acordo com a Sua [de Deus] vontade, Aquele que as quis pode querer a sua suspensão» (da obra "Natural Theology", 1891). Todavia, na cultura popular, e mesmo nas mentes de certos teólogos modernistas sem cultura científica, permanece hoje ainda esta ideia errada de "leis da Natureza" absolutamente universais e inevitáveis. Mas há uma falha fatal nesta filosofia determinista: se até os nossos pensamentos e ideias se devem submeter a "leis da Natureza" absolutamente universais e inevitáveis, então tudo o que pensamos, dizemos e acreditamos está sujeito a esse determinismo. Deste modo, vê-se como é irracional defender esse determinismo, e uma vez entendido isto, está de novo desimpedido o caminho para a possibilidade de milagres, ou seja, de fenómenos empíricos directamente causados por Deus e, por essa razão, cientificamente inexplicáveis. Depois de apresentado o contexto filosófico do problema dos milagres, analisa-se filosoficamente o conceito de "lei da Natureza" e as várias teorias para a sua explicação. Na parte final deste módulo, analisa-se o fenómeno ocorrido a 13 de Outubro de 1917 na Cova da Iria, e conclui-se, por exclusão das explicações alternativas, que a explicação miraculosa é a mais racional. Deste modo, reivindica-se o estatuto do dito "milagre do Sol" como o meio que a Divina Providência usou como selo de veracidade e autenticidade para a mensagem que Nossa Senhora transmitiu aos videntes de Fátima.
15 O MILAGRE DO SOL 
16 CONCORDÂNCIA ENTRE CRISTIANISMO E CIÊNCIA 
 

 


Meu Deus: Eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam.
Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

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fonte: https://espectadores.blogspot.pt/p/curso-ciencia-e-fe.html