VIGÉSIMO SÉTIMO DIA - APROVEITAR OS MOMENTOS DE ARIDEZ NO DESERTO PARA NOS FORTALECER

VIGÉSIMO SÉTIMO DIA - APROVEITAR OS MOMENTOS DE ARIDEZ NO DESERTO PARA NOS FORTALECER

“São Miguel Arcanjo, nós vos pedimos humildemente, ó príncipe das milícias celestes, que vos lembreis de nós, sobretudo quando formos assaltados pelas sugestões do inimigo. Vitoriosos pelo vosso socorro, fazei de nós um sacrifício agradável oferecido ao Senhor, justo e misericordioso. Amém!”

(Fonte: Quaresma de São Miguel Arcanjo 2020 – Ed. Paulus)

A figura do deserto é bastante significativa para nós, Católicos. O deserto é carregado de significado e muitos são os exemplos que pode-se encontrar nas Sagradas Escrituras. Refletir sobre os mistérios que o “deserto” esconde é bastante frutífero, se fizermos com o auxílio do Espírito Santo e correspondermos às Suas inspirações, sendo dóceis a Ele.

A figura do deserto nos remete logo de imediato à solidão, sede, dificuldade… não atoa que os períodos que passamos em que nossas orações parecem não surtir efeito, ou os momentos que não conseguimos nos concentrar para rezar são chamados, também, de “aridez espiritual”, remetendo a esse momento que parece estarmos sozinhos, abandonados, com sede de Deus e dificuldade de aquietarmos o nosso coração.

É abandonado no deserto que podemos de fato saber quem somos e o que somosO deserto desnuda a nossa alma, sem as maquiagens que as coisas do mundo aplicam fazendo-nos acreditar que somos independentes e que tudo podemos se tivermos força de vontade.

Mas, o deserto também é o lugar mais propício para nos abandonarmos a Deus, de nos entregarmos completamente a Ele, pois nada há em nossa volta. Quando encaramos o deserto de frente, como ele é e reconhecendo o que de fato somos, os frutos deste período desértico são salvíficos.

Por isso que o inimigo, quando nota que estamos abandonados no deserto, vem com toda força para nos apresentar as mais diversas tentações, inclusive uma das que considero piores: revoltar-se contra Deus, achar que Ele nos abandonou e que não se importa conosco. Este é um dos piores dos enganos e tentações de satanás para nós, pois é exatamente o contrário. Deus nos chama para Ele e nos chama a passar pelo deserto, para salvar todos nós, pois é preciso nos desapegarmos de tudo para nos entregarmos inteiramente a Ele.

Isso vemos logo no início das Sagradas Escrituras. Para salvar o seu povo (hebreus) das garras de satanás (faraó), Deus chama  o seu povo para o deserto. Sabendo da salvação que o deserto gera, o faraó (satanás) impede de todo jeito que pode a saída dos hebreus (povo de Deus) rumo à liberdade, prendendo-os, escravizando-os, endurecendo cada vez mais a escravidão para intimidar o povo a desistir de sua liberdade.

Mas, é exatamente neste momento que Deus manifesta toda a Sua Glória e Poder! E às custas do inimigo! Contudo, é preciso a persistência e confiança por parte do povo de Deus.

Após a libertação, o povo teve que passar por todo um período de abandono da vida passada, abandono da mentalidade de escravo, mentalidade de dependência das coisas do mundo, das coisas que satanás oferece.

E foram muitos anos…. e foram, principalmente, muitas quedas e quebras de aliança que os homens realizaram. Mas, Jesus veio para que tenhamos a libertação definitiva, veio para fazer a eterna aliança.

Assim como o povo passou pelo Mar Vermelho, representando a libertação das garras do faraó, Jesus através das águas do rio Jordão nos libertou das garras de satanás, pelo batismo. Assim como o povo de Deus após a libertação foi tentado a se revoltar contra Deus e voltar à sua “vidinha” antiga, Jesus foi tentado por 40 dias no deserto. A diferença é que, dessa vez, a vitória foi de Jesus e não de satanás.

“Jesus, repleto do Espírito Santo, voltou do rio Jordão e, pelo Espírito, era conduzido deserto adentro. Ali, foi tentado pelo diabo, durante quarenta dias. Nesses dias, não comeu nada e, no final, teve fome.” (Lc 4, 1-2)

Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo deserto a dentro. É Deus quem nos chama para passarmos pelo deserto. Mas, não vamos passar sozinhos. Jesus, além de nos mostrar como devemos agir, luta conosco nesta difícil tarefa de enfrentarmos as tentações: Jejum, Oração e Palavra de Deus. Palavra de Deus é o próprio Jesus. E, de fato, é impossível para nós vencermos o deserto, as tentações, satanás, por conta própria. Precisamos da ajuda de Deus, precisamos de Deus. Somos totalmente dependente Dele.

Durante todo o período de deserto, Jesus foi tentado pelo diabo. Durante todo esse período Ele se fortaleceu fazendo jejum, rezando (sempre que Jesus se retira é para rezar e ficar intimamente mais unido ao Pai) e combateu todas as investidas do diabo com as Escrituras (cf. Lc 4, 3-12).

Satanás depois de tê-Lo tentado de todas as maneiras, perdeu e se retirou, mas não desistiu, como podemos ver em Lc 4,13: “E, terminada toda tentação, o diabo afastou-se dele até o tempo oportuno”. E Jesus, após passar pelos 40 dias de Jejum e Oração, combatendo as investidas do inimigo com a Palavra de Deus, saiu fortalecido para enfrentar tudo que sabemos que virá a enfrentar até a Sua Morte e Ressurreição Gloriosa.

Que possamos acolher tamanha Graça que Jesus obteve para nós no deserto. Que nos nossos momentos de aridez e deserto possamos nos unir a Jesus e com Ele vencermos esses períodos e sairmos fortalecidos pelo Espírito Santo.

São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate contra as tentações do demônio e que possamos Aproveitar os Momentos de Aridez no Deserto Para Nos Fortalecer.